quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A Vinda do Carnaval para São Paulo

Com a diminuição maciça do samba no interior paulistano, começa a transição do “samba rural”, como chamou Mario de Andrade, para o samba da capital.

A cidade de São Paulo, antes do rápido crescimento entre o final do século XIX e o começo do XX, não centralizava a cultura paulista do estado. Cidades como Santos e Campinas eram neste aspecto de uma importância tão grande senão maior que São Paulo. Porém, depois deste período de crescimento, ela se tornou sem dúvida a maior referencia cultural do estado.

São Paulo assistia a uma grande expansão populacional e geográfica influenciada pela forte imigração que acontecia para ela e a abolição da escravatura. Devido a estes fatos, a capital se caracterizava pela mistura de tradições coloniais de ascendência portuguesa, dos afro-descendentes e de europeus vindos de diversos países.

Porém, a convivência tranqüila entre eles não era algo que acontecia por todo o perímetro urbano. Havia uma resistência da elite em aceitar a influência dos imigrantes e ainda mais dos negros libertos. O convívio democrático entre os imigrantes, ex-escravos e brasileiros só ocorria mesmo nos bairros mais pobres e fabris como Barra Funda, Brás e Bixiga.

O fato do convívio entre todos só ocorrer nas áreas mais pobres, fez com que o samba que chegava pelos migrantes das fazendas do interior ficasse conhecido como uma samba de trabalho, durão, puxado para o batuque, como era o ritmo dos trabalhadores das fábricas recém surgidas em São Paulo.

E é nesta época, que começa a relação entre o carnaval/samba com o direito, uma vez que os sambistas, não só durante a época do carnaval, mas durante o ano inteiro, eram vistos como vagabundos pela polícia e sofriam uma repressão dura das autoridades.

O carnaval Paulistano era na época um carnaval de rua aonde pequenas concentrações de pessoas, normalmente familiares, iam à rua para comemorar e ficavam cantando, tocando e bebendo até o dia clarear, ou serem presos pelo resto da noite. Porém já se esboçava um aperfeiçoamento disso e foi em 1914 quando foi fundado o Grupo da Barra Funda, o primeiro cordão de São Paulo que posteriormente viraria o Camisa Verde e Branco.

Este cordão passou a tocar marchas cariocas remodeladas ao modo paulista de se tocar samba e saía pela rua com instrumentos chamando a população para vê-los. Um exemplo de versos do Grupo da Barra Funda era:

Minha gente saia fora
Da janela, venha ver
O Grupo da Barra Funda
Ta querendo aparecer

Cantamos todos com a voz aguda
Trazendo vivas ao Grupo da Barra Funda!


Muitos outros cordões foram surgindo influenciados pelo sucesso do primeiro como foi o caso do Vai-Vai. Os cordões desfilavam paralelamente e em harmonia até que em 1934 a prefeitura municipal de São Paulo interferiu pela primeira vez no carnaval paulistano promovendo um desfile entre os cordões existentes.

Os cordões foram por anos os responsáveis pela musicalidade operária paulistana e pelo desenvolvimento do samba paulistano, até que em 1950, inspirado nas Escolas de Samba do Rio de Janeiro que vinham se apresentar em SP. Os primeiros desfiles eram dominados pelas tradicionais Escolas de Samba Lavapés, Unidos do Peruche e Nenê de Vila Matilde.

O samba ia crescendo cada vez mais até que uma sanção que regulava a promoção do carnaval pela Prefeitura de São Paulo marcou de vez o crescimento do carnaval em São Paulo. E assim o carnaval foi crescendo até o que é hoje em dia e teve o seu primeiro desfile em 1968.

Borges, fica cherando cana aí!
vamo posta o que quise que ele nao ta aqui pra ve

Um comentário:

  1. Hahahaha, boa PEEEDRO! Vamos causar nessa porra!
    muito bom seu texto. gostei. mas é incrivel como o samba paulista é desvalorizado. e como essas primeiras escolas estão em segundo plano nos desfiles (que eu alias, discordo completamente.)
    enfim, muito bem escrito.
    beijos

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