quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Racionalização da Irracionalidade

O niilismo, já citado em outros textos publicados neste Blog, conceito criado pelo filósofo Nietzsche, precisa ser repensado na nossa atual sociedade. No entanto, antes de desenvolvê-lo, vamos retomá-lo. O niilismo é o nada. Nossa sociedade é niilista, porque nossas ações são baseadas numa cultura ressentida que preza pela culpa, fazendo com que não tenhamos prazer em viver, pois muitas vezes, prezamos por um além mundo e esquecemos-nos de viver este. A reclamação, marca do niilismo, acontece como reação a algo referente à nossa atual cultura, que é formada inclusive, nos valores cristãos. Mas reagir a uma cultura é agir dentro dela mesmo através dos seus princípios, tornando impossível qualquer tipo de mudança profunda, pois essa reação de nada contribuirá.

Nietzsche denuncia Descartes e seu dualismo, sua racionalização das ações humanas, que ocorrem no momento em que atribui aos nossos sentidos e afetos valores negativos, pois são considerados por ele como fontes de erro para nossa razão. E por fim, por louvar e credenciar a moral cristã como algo positivo, já que não conseguiu construir nenhuma outra moral baseada na razão. Criticou, também, profundamente Kant, que foi considerado por ele como o operário da filosofia, pois formulou e moldou a moral reativa da época. Este colocou o homem como um fim em si mesmo, de maneira contrária a pensada por Nietzsche, que nos considerava como um meio para o super-homem, assim como os nossos antepassados, macacos, serviram de meio para o homem.

No entanto, o niilismo dos dias de hoje perdeu o caráter racional da época de Nietzsche. Talvez, estejamos mais afundados no niilismo, do que aqueles que viveram na época de Nietzsche, de modo que ele passou a acontecer de maneira irracional. Além do fato de que o homem possui e utiliza cada vez mais métodos, dos modos mais descarados sobre o próprio homem para controlá-lo.

Passamos a ter ações que geram nada, que não tem intenção de propor algo diferente e que, agora, não tem nem sentido. Apenas para citar um exemplo que não será tão desenvolvido; mas as torcidas de futebol agridem e até matam torcedores de outros times, porque não seguem a sua equipe. Não há motivo para matar alguém de outra torcida apenas, porque o sujeito tem apego por outra instituição futebolística.

Contudo, algo mais recente que pode explicitar de maneira mais contundente o meu objetivo é a Igreja Universal, que utiliza da apelação religiosa para lucrar em cima dos seus fiéis e, como consequência, manter contas no exterior. Além da compra de um sítio, diversos outros objetos foram aderidos com o dinheiro de muitos que pouco tem, mas que acreditam fielmente na palavra de Deus.

Esses são os últimos homens, aqueles que para Nietzsche sabem que Deus não existe, mas agem como se ele existisse para, assim, terem proveito sobre as massas que são usadas como manobra e rebanho dependendo dos interesses dos seus representantes.

O controle e a arrecadação sobre seus fiéis é tão grande que essa igreja passou a ter o poder de comprar uma das maiores emissoras de televisão do país, a Record. Adquirindo assim, um dos maiores meios de comunicação da humanidade, a televisão.

A dúvida que passo a ter é que; se o poder de manipulação dessa igreja já é alto a ponto de um dos maiores jogadores de futebol do mundo, Kaká, doar milhões em dinheiro anualmente e, diversos outros doarem o que tem e o que não tem, imaginem com o controle de uma emissora que cresce dia a dia seu Ibope, ameaçando até a poderosa Rede Globo. Torço para que esse meio de comunicação não seja usado com o intuito de direcionar o homem propositalmente, favorecendo os interesses da Igreja Universal. Portanto, podemos notar que, por trás dessas ações irracionais, há interesses racionais para Descartes ou Kant nenhum “botar defeito”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário