segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Primeira Mulher Presidente?

Ontem foi eleita a primeira presidenta do Brasil, sucessora e afilhada política do primeiro proletário a subir no poder no nosso país. Por mais progressista que pareçam os fatos recém-narrados, não consigo afastar de mim o medo do retrocesso que isso possa nos trazer.

Recentemente, formou-se uma onda de populistas na América Latina; sim, temos Fidel, isso desde os anos 60, mas esse parece inexpressivo e impotente hoje; o problema são simpatizantes do ditador cubano na América do Sul, como Cháves, Morales, o finado Kirschner e o atual presidente do Brasil: Luis Inácio Lula da Silva. Pronto petistas, essa é a sua deixa para parar de ler este texto imediatamente e almadiçoar todas as gerações da minha reacionária família elitista, ou, para aqueles que ainda têm senso democrático, continuar a dar voz para quem pensa diferente.

Não nego os avanços sociais que o Brasil passou nos últimos oito anos; seria como negar a Getúlio o título de “pai do povo”. Sou grande admirador de Vargas; é, com certeza, um dos meus brasileiros prediletos: sua competência política, a estabilidade que manteve mesmo durante o Estado Novo, seu corpo que teve como verdadeiro leito, não o honroso Palácio do Catete, mas os calorosos braços do povo; Machado de Assis (que era Machado de Assis...) teve apenas uma visita estranha, e portanto ilustre, na hora de sua morte.

Certo, certo; eu quis mesmo dar uma mãozinha para o Getúlio agora há pouco, não sou ingênuo o suficiente de canonizar um ditador que se poderia dizer fascista, mas mesmo assim gosto dele, ainda mais que não vivi sob a tutela do Estado Novo.

O mesmo, ao meu ver, acontece no cenário atual; Lula trabalha para canonizar-se. Um sinal disso é a exarcebada militância petista, que para mim soa bem fascista. Quantas não foram as piadas que ouvi a respeito da “bolinha de papel”. Concordo que tomografia é exagero, mas Dilma não tomou bolinhas de papel de militantes tucanos, houve, sim, o caso das bolsas d’água, suspeitosamente um dia depois da bolinha do Serra, que não a atingiram e nem conseguiu-se descobrir os malfeitores; percebem a guerra simbólica? O problema não é a bolinha, é o ato de militantes petistas irem arrumar confusão no ninho do tucano carioca.

Outro exemplo são as políticas sociais que disse no começo do texto. O “Bolsa Família”, as cotas (que merecem um texto a parte), entre outros funcionam como um grande mercado de votos, isso sem falar no velho serviço público, com todos os seus assessores e assessores de assessores.

Lula está no poder há oito anos, mas sua corrida ao Palácio da Alvorada começou há vinte, quando foi derrotado por Collor e desde então só não foi candidato nessas eleições, porque a Constituição não o permitiu. Mas logo ele tratou de escolher uma figura sem expressão pública dentro de seu partido, a então ministra da Casa Civil acessorada por Erenice Guerra (que entra no mesmo patamar das cotas), que até ali nunca tinha disputado um cargo eletivo, para servir como sua sucessora política.

Junto a isso, o governo federal instruiu as Câmaras Estaduais aliadas que propusessem uma lei de censura à imprensa, defendendo que essa cometeria abusos. Ora, criticar o governo não é abuso nenhum, é um direito fundamental à democracia. E os órgãos estatais? A TV que filmou as propagandas da presidenta eleita? Ou então, a nossa sugestão à Academia para concorrer a melhor filme estrangeiro, vocês viram? “Lula: o Filho do Brasil”. Sinceramente, não conheço o filme, por enquanto, basta-me o do Mandela, mas foram tantos os filmes brasileiros a que assisti este ano para os quais “brilhante” soaria modesto, que acho no mínimo suspeita esta indicação.

Então, seria mesmo a primeira mulher presidente? ou o nosso velho Lula?

Alegra-me ver que o Brasil não se mostra uma Bolívia ou uma Venezuela para abraçar esses neopopulistas; no Piauí a lei "anti-imprensa" já foi entendida inconstitucional, Dilma não teve maioria brutal e avassaladora dos votos e os meios de comunicação não têm a menor intenção de deixarem de ser incômodos.