domingo, 30 de agosto de 2009

"Froot Loops"

De todos os adjetivos que podem classificar a vida; bela, dura, louca, longa, curta, besta; engraçada é o melhor. Outro dia estava no supermercado com minha mãe, passeando por aquele labirinto de prateleiras, quando me deparei com um caixa que não via há anos, a de “Froot Loops”. Imediatamente voltei no tempo. Lembrei de quando tinha cinco ou seis anos e ver aquele tucano era a coisa mais feliz que podia acontecer no café da manhã. De como eu enchia a xícara de sucrilhos até a boca e depois completava com leite. As colheradas imensas e as argolinhas que insistiam em cair da colher. Os gritos de reprovação da minha mãe. O açúcar no fundo. O gosto artificial de fruta. As lembrancinhas de plástico. Os joguinhos da caixa.

Logo em seguida lembrei dos outros dois bichos que viviam marcando território na mesa lá de casa, um elefante e um tigre. O primeiro era marrom e ficava estampado na caixa de “Choco Krisps”, já o segundo é famoso , garoto propaganda da “Kellog’s”, que eu ainda vejo nos comerciais de TV.


Sempre achei que era coisa de velho falar “Ah, nos meus tempos...”, mas bateu uma puta saudade daquilo tudo. Não só do café da manhã, não, mas do almoço, jantar e lanchinho da tarde, isso sem falar em todos os assaltos ao armário. Até da natação, que eu odiava e só fazia sob ameaça de castigos. Ia chutando, esperneando, fazendo birra, tudo para não ter que colocar uma sunga e pular na água, o que, ironicamente, agora faço de livre e espontânea vontade.


Certo, um cereal que cause tamanho impacto em mim merece ser comprado. Peguei a caixa e, para não ouvir nada a respeito de minha mãe sobre como aquilo é uma porcaria, a coloquei discretamente no carrinho, cheio, por sinal, mesmo que só tivéssemos parado lá para comprar pão e leite.


Porcaria, ora essa. “Froot Loops” pode ser tudo, menos porcaria. Mas isso não vem ao caso, minha mãe só veio ver o sucrilhos aqui em casa, quando lotei uma xícara até a boca, completei com leite, dei uma colherada monstruosa que fez metade do cereal cair no caminho, senti aquele gostinho de fruta artificial e, agora sim, tive que ouvir dona Cláudia dizendo: “Quem foi que comprou essa porcaria?!”

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Racionalização da Irracionalidade

O niilismo, já citado em outros textos publicados neste Blog, conceito criado pelo filósofo Nietzsche, precisa ser repensado na nossa atual sociedade. No entanto, antes de desenvolvê-lo, vamos retomá-lo. O niilismo é o nada. Nossa sociedade é niilista, porque nossas ações são baseadas numa cultura ressentida que preza pela culpa, fazendo com que não tenhamos prazer em viver, pois muitas vezes, prezamos por um além mundo e esquecemos-nos de viver este. A reclamação, marca do niilismo, acontece como reação a algo referente à nossa atual cultura, que é formada inclusive, nos valores cristãos. Mas reagir a uma cultura é agir dentro dela mesmo através dos seus princípios, tornando impossível qualquer tipo de mudança profunda, pois essa reação de nada contribuirá.

Nietzsche denuncia Descartes e seu dualismo, sua racionalização das ações humanas, que ocorrem no momento em que atribui aos nossos sentidos e afetos valores negativos, pois são considerados por ele como fontes de erro para nossa razão. E por fim, por louvar e credenciar a moral cristã como algo positivo, já que não conseguiu construir nenhuma outra moral baseada na razão. Criticou, também, profundamente Kant, que foi considerado por ele como o operário da filosofia, pois formulou e moldou a moral reativa da época. Este colocou o homem como um fim em si mesmo, de maneira contrária a pensada por Nietzsche, que nos considerava como um meio para o super-homem, assim como os nossos antepassados, macacos, serviram de meio para o homem.

No entanto, o niilismo dos dias de hoje perdeu o caráter racional da época de Nietzsche. Talvez, estejamos mais afundados no niilismo, do que aqueles que viveram na época de Nietzsche, de modo que ele passou a acontecer de maneira irracional. Além do fato de que o homem possui e utiliza cada vez mais métodos, dos modos mais descarados sobre o próprio homem para controlá-lo.

Passamos a ter ações que geram nada, que não tem intenção de propor algo diferente e que, agora, não tem nem sentido. Apenas para citar um exemplo que não será tão desenvolvido; mas as torcidas de futebol agridem e até matam torcedores de outros times, porque não seguem a sua equipe. Não há motivo para matar alguém de outra torcida apenas, porque o sujeito tem apego por outra instituição futebolística.

Contudo, algo mais recente que pode explicitar de maneira mais contundente o meu objetivo é a Igreja Universal, que utiliza da apelação religiosa para lucrar em cima dos seus fiéis e, como consequência, manter contas no exterior. Além da compra de um sítio, diversos outros objetos foram aderidos com o dinheiro de muitos que pouco tem, mas que acreditam fielmente na palavra de Deus.

Esses são os últimos homens, aqueles que para Nietzsche sabem que Deus não existe, mas agem como se ele existisse para, assim, terem proveito sobre as massas que são usadas como manobra e rebanho dependendo dos interesses dos seus representantes.

O controle e a arrecadação sobre seus fiéis é tão grande que essa igreja passou a ter o poder de comprar uma das maiores emissoras de televisão do país, a Record. Adquirindo assim, um dos maiores meios de comunicação da humanidade, a televisão.

A dúvida que passo a ter é que; se o poder de manipulação dessa igreja já é alto a ponto de um dos maiores jogadores de futebol do mundo, Kaká, doar milhões em dinheiro anualmente e, diversos outros doarem o que tem e o que não tem, imaginem com o controle de uma emissora que cresce dia a dia seu Ibope, ameaçando até a poderosa Rede Globo. Torço para que esse meio de comunicação não seja usado com o intuito de direcionar o homem propositalmente, favorecendo os interesses da Igreja Universal. Portanto, podemos notar que, por trás dessas ações irracionais, há interesses racionais para Descartes ou Kant nenhum “botar defeito”.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Seriam os Farrapos Revolucionários?

No ano de 1835, mais precisamente no dia 20 de Setembro de 1835, em meio a gritos fortes e alegres de independência, é proclamada pelo coronel Neto a República Rio-Grandense, cuja capital era a cidade de Piratiny.

A república foi proclamada em meio a uma guerra movida por interesses patrióticos e principalmente econômicos entre grandes estancieiros Rio-Grandenses e tropas imperiais, até então sob o comando de Dom Pedro I.

Após declarar independência, se juntaram à causa Rio-Grandense pessoas que lutavam por ideal, como o italiano Giuseppe Garibaldi que lutava por democracia; grande parte dos negros que buscavam sua liberdade, como os havia prometido os líderes da revolução.

A revolta dos Farrapos foi a maior guerra civil em território brasileiro da história, chegando a durar dez longos anos. Acredito que a longa duração se deu pela gana ideológica dos Farrapos, já que ao longo dos dez anos de batalha sempre estiveram em minoria e menos equipados.

Há quem diga que a guerra não foi uma revolução, já que a nobreza Rio-Grandense é que ficaria no poder, não havendo, portanto, uma mudança de classe significativa. Apesar de saber que a luta se originou por divergências econômicas, e que o que realmente interessava aos grandes estancieiros eram as melhores condições de comércio de seus produtos, vejo a revolução como uma enorme fonte de inspiração inovadora, que segue até hoje no coração de cada Rio-Grandense.

Eles lutaram pela nobre causa da liberdade, contra um império que não oprimia somente os estancieiros, mas cada cidadão livre ou escravo. Mesmo querendo se separar do império, lutavam com as cores verde e amarelo de sua pátria mãe, juntamente com o vermelho, cor revolucionária que homenageava o sangue derramado dos Rio-Grandenses em todas as batalhas que ocorreram na região, muitas delas defendendo o próprio império brasileiro.

Em seu hino vangloriavam a virtude e glorificavam a república ateniense. Além de tudo, respeitavam as diferenças e admiravam a bravura dos soldados romanos: ”Povo que não tem virtude acaba por ser escravo”.

É por esses motivos que acredito no título de revolução para essa guerra que começou movida por interesses e acabou sendo movida por ideais.

- Camaradas! Gritemos pela primeira vez: Viva a República Rio-Grandense! Viva o exército republicano Rio-Grandense! – General Antonio de Souza Neto, 11 de Setembro de 1836.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Quem Nunca Quis Jogar Calvinbol?


Sei que muitos já sabem quem são os dois, mas, para quem teve o infeliz desprazer de nunca ter se deparado com uma tirinha da dupla, Calvin é um menino loiro, hiperativo, de seis anos de idade que sempre anda acompanhado por seu tigre de pelúcia, que é real para os olhos do garoto, Haroldo.

Não faz tanto tempo que vim a conhecer a obra de Watterson, autor de “Calvin e Haroldo”. Na verdade, acho que demorei tempo demais para ler algum dos deliciosos quadrinhos dos dois, mas bastou fazê-lo para começar a devorar seus livros, sempre com os olhos embaçados de lágrimas e com gargalhadas jorrando pela minha boca.

Não tenho dúvida alguma de que Calvin é meu principal ídolo feito a lápis, logo atrás dele estão o Homer, que dispensa apresentações, o Billy, das “Terríveis Aventuras de Billy e Mandy”, e o Peter, do “Family Guy”. Bom, não é fácil estar acima de todos estes personagens geniais, mas para mim o humor de Calvin é, digamos assim, mais “puro” que os dos demais, pois a piada é a própria situação em que um garoto de seis anos acompanhado de um tigre de pelúcia consegue se meter, não conta com comentários racistas, estúpidos ou nojentos, como é o caso dos outros.

Nesse ponto, Watterson foi bem eficiente. Ele conseguiu captar bem o universo infantil em seu trabalho, escrevendo situações um tanto quanto anormais, mas perfeitamente aceitáveis para um garoto como Calvin. Lembro que eu também tinha uma espécie de Haroldo, mas não tão engraçado quanto o tigre; um pedaço de pano que chamava de “mimi”, parecido com aquele lençol do Linus no “Minduim”. Além disso, quem nunca pensou em explodir a escola alguma vez? Qual garoto não adora acordar cedo nos fins de semana para ver desenhos e comer todo o tipo de guloseimas que conseguir? Quem nunca quis jogar Calvinbol?! Duvido que alguém, quando criança, gostasse de tomar banho ou de ir dormir cedo. Eu mesmo fazia com a minha mãe uma espécie de rodízio, uma vez por semana eu tinha o direito de ir dormir sujo.

Mas ainda que tenhamos algumas semelhanças, nunca fui como o Calvin, quem me dera... Meu “mimi” nunca falou comigo, nem nunca consegui virar um astronauta, ou um super herói, isso quem fez foi o meu irmão, o que resultou em uma série de pontos em seu queixo.

Mas, pensando bem, talvez seja bom não ser o Calvin... fosse esse o caso, você já imaginou quantos remédios para hiperatividade teria que tomar? Mesmo assim, gostaria de ter jogado Calvinbol.

sábado, 22 de agosto de 2009

Será o Fim da Crise?

Não precisei nem especificar no título de que crise estou falando, porque desde o fim do ano passado, escutamos notícias e mais notícias falando dos graves problemas de empresas como a AIG, GM, da possível inflação de países como os EUA devido ao alto investimento público e até do medo de diversas nações espalhadas pelo mundo da menor arrecadação dos seus respectivos PIBs.

Escutei muitos dizendo, inclusive professores, que essa talvez fosse a crise que colocaria um ponto final no capitalismo, que teríamos de viver de outro modo, já que este sistema estava nos dando adeus. Não estou crucificando nenhum professor, porque cheguei a acreditar nisso também, pois além das aulas, me baseava nas reportagens que tentavam demonstrar a situação do mundo, nos efeitos que essa crise causou na China, país que crescia de maneira expressiva ao ano e, que passou a ter uma debandada de pessoas da cidade de volta para o campo por causa do fechamento de diversas indústrias.

Curioso que a crise, segundo economistas, começou nos EUA com um processo em cadeia. Os bancos precisam investir e emprestar, pois é através dos juros que aplicam sobre esse dinheiro emprestado que geram seus lucros. Portanto, passaram a investir e, emprestar às pessoas que são consideradas de risco, pois aquelas que teriam como pagar, seguramente, nos EUA, não precisavam de dinheiro. Deixar de emprestar para essas pessoas que talvez não pudessem retornar o dinheiro cedido pelo banco e, não emprestar para ninguém, como conseqüência, era estagnar o crescimento desses bancos. Essas pessoas que são consideradas de risco deixaram suas casas, carros ou outros pertences como garantia para os bancos. No final das contas, muitos bancos passaram a ter diversas casas, porém sem compradores e com um grande buraco financeiro devido às dividas que foram feitas.

No entanto, essa é uma visão mais liberal ou neo-liberal baseada nos princípios de Adam Smith e outros economistas chamados de clássicos. Um modo de analisar essa crise é à velha maneira marxista. Ainda mais nesses tempos em que muitos previam o fim do capitalismo, o discurso de Marx explicitado em uma das suas maiores obras “O Capital”, foi recordado, exclusivamente, com a parte e a idéia de que as contradições do capitalismo levaram ao fim desse sistema.

Porém, certas matérias jornalísticas mais recentes nos fazem pensar que este talvez não seja o fim do capitalismo e, que talvez as previsões de Karl Marx terão de esperar mais um tanto para o mundo vê-las concretizadas.

Enquanto isso não acontece, quem sabe não seja interessante nos apegar a outro economista, mais recente que Marx, Shumpeter. Ele acreditava que o capitalismo tinha fases de crescimento, recesso, depressão e que entre uma fase depressiva e um novo crescimento, estava a criação de novas tecnologias que empurrassem novamente a economia mundial para cima.

O mercado mundial atual aparenta uma maior estabilidade se comparada a tempos recentes, embora, ainda não possamos dizer que estamos em um crescimento econômico global, pois para recuperar todos os empregos perdidos demoraremos bastante, caso isso venha a acontecer um dia.

Um bom exemplo a ser analisado foi exposto na Folha de S. Paulo do dia 4 de agosto de 2009, quando se publicou que a Bovespa atingiu o maior patamar de desenvolvimento desde agosto de 2008, de 2,25%, atingindo assim, 55.997 pontos. Enquanto isso, a matriz do capitalismo, EUA, também dá sinais de que sua reestruturação está acontecendo, pois sua bolsa superou pela primeira vez a marca dos mil pontos desde novembro de 2008, ano em que a crise se agravou.

Além dos aumentos das bolsas dos EUA e do Brasil, tivemos o primeiro registro de alta nas vendas da Ford desde novembro de 2007, enquanto no Brasil, o Bradesco teve um grande lucro neste trimestre, cerca de 4 bilhões de reais, mesmo considerando que a inadimplência tenha aumentado. Isso representa um aumento de quase 3% em relação ao mesmo lucro líquido do Bradesco do ano de 2008.

Segundo David Dietze, economista da Point View Financial Services, "São novos dados mostrando que provavelmente a economia dos EUA começa a se recuperar. E que, provavelmente, o pior da crise tenha ficado para trás". David comenta as demonstrações de crescimento da economia americana, que se desenvolveu baseado nos gastos públicos na construção civil que tiveram crescimento recorde no mês de julho de 2009. Agora, nos resta apenas esperar e saber se esse otimismo em relação ao capitalismo é apenas um otimismo ou, uma realidade.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A Vinda do Carnaval para São Paulo

Com a diminuição maciça do samba no interior paulistano, começa a transição do “samba rural”, como chamou Mario de Andrade, para o samba da capital.

A cidade de São Paulo, antes do rápido crescimento entre o final do século XIX e o começo do XX, não centralizava a cultura paulista do estado. Cidades como Santos e Campinas eram neste aspecto de uma importância tão grande senão maior que São Paulo. Porém, depois deste período de crescimento, ela se tornou sem dúvida a maior referencia cultural do estado.

São Paulo assistia a uma grande expansão populacional e geográfica influenciada pela forte imigração que acontecia para ela e a abolição da escravatura. Devido a estes fatos, a capital se caracterizava pela mistura de tradições coloniais de ascendência portuguesa, dos afro-descendentes e de europeus vindos de diversos países.

Porém, a convivência tranqüila entre eles não era algo que acontecia por todo o perímetro urbano. Havia uma resistência da elite em aceitar a influência dos imigrantes e ainda mais dos negros libertos. O convívio democrático entre os imigrantes, ex-escravos e brasileiros só ocorria mesmo nos bairros mais pobres e fabris como Barra Funda, Brás e Bixiga.

O fato do convívio entre todos só ocorrer nas áreas mais pobres, fez com que o samba que chegava pelos migrantes das fazendas do interior ficasse conhecido como uma samba de trabalho, durão, puxado para o batuque, como era o ritmo dos trabalhadores das fábricas recém surgidas em São Paulo.

E é nesta época, que começa a relação entre o carnaval/samba com o direito, uma vez que os sambistas, não só durante a época do carnaval, mas durante o ano inteiro, eram vistos como vagabundos pela polícia e sofriam uma repressão dura das autoridades.

O carnaval Paulistano era na época um carnaval de rua aonde pequenas concentrações de pessoas, normalmente familiares, iam à rua para comemorar e ficavam cantando, tocando e bebendo até o dia clarear, ou serem presos pelo resto da noite. Porém já se esboçava um aperfeiçoamento disso e foi em 1914 quando foi fundado o Grupo da Barra Funda, o primeiro cordão de São Paulo que posteriormente viraria o Camisa Verde e Branco.

Este cordão passou a tocar marchas cariocas remodeladas ao modo paulista de se tocar samba e saía pela rua com instrumentos chamando a população para vê-los. Um exemplo de versos do Grupo da Barra Funda era:

Minha gente saia fora
Da janela, venha ver
O Grupo da Barra Funda
Ta querendo aparecer

Cantamos todos com a voz aguda
Trazendo vivas ao Grupo da Barra Funda!


Muitos outros cordões foram surgindo influenciados pelo sucesso do primeiro como foi o caso do Vai-Vai. Os cordões desfilavam paralelamente e em harmonia até que em 1934 a prefeitura municipal de São Paulo interferiu pela primeira vez no carnaval paulistano promovendo um desfile entre os cordões existentes.

Os cordões foram por anos os responsáveis pela musicalidade operária paulistana e pelo desenvolvimento do samba paulistano, até que em 1950, inspirado nas Escolas de Samba do Rio de Janeiro que vinham se apresentar em SP. Os primeiros desfiles eram dominados pelas tradicionais Escolas de Samba Lavapés, Unidos do Peruche e Nenê de Vila Matilde.

O samba ia crescendo cada vez mais até que uma sanção que regulava a promoção do carnaval pela Prefeitura de São Paulo marcou de vez o crescimento do carnaval em São Paulo. E assim o carnaval foi crescendo até o que é hoje em dia e teve o seu primeiro desfile em 1968.

Borges, fica cherando cana aí!
vamo posta o que quise que ele nao ta aqui pra ve

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Para não dizer que não falei de... futebol

Outro dia, estávamos eu, meu pai, minha mãe e o amigo do meu pai no bar ao lado do Maracanã indo assistir a mais um esperado jogo do fluminense. Haviam muitas pessoas, tricolores todos, conversando sobre o esquema tático do time, falando mal do adversário, cantando e bebendo. Não me lembro direito o porquê, mas entramos no assunto da Lei Pelé e Lei Zico. Nunca tinha ouvido falar em nada parecido, perguntei ao meu pai o que era, porém não tive muito êxito, já que ele estava preocupado em falar mal do Mariano, jogador do Fluminense.

No dia seguinte o meu professor de matemática citou a mesma lei e depois que li os textos dos meninos aqui no blog, resolvi pesquisar. Afinal, estas leis são o exemplo clássico de envolvimento entre a política e o futebol e pesquisando eu poderia perceber claramente o quanto a política interfere e como mudou o futebol ao longo dos anos. Tenho certeza que essas duas leis ajudaram, e muito, a tornar o futebol um “business”, como antes citado.

Considero inevitável que o a política e o Direito interfiram no futebol pois a partir do momento que interfere na economia do país e principalmente envolve pessoas (nas quais o Estado deve prezar por sua saúde e bem-estar, fazendo com que não sofram preconceitos, agressões físicas e etc.), o Estado deve manter uma organização e manter as coisas sob seu controle. Porém, devemos lembrar que o esporte, como um todo, tem suas próprias regulamentações, nas quais o Estado não deve (ou não deveria) interferir, sabendo distinguir no que pode intervir, respeitando as singularidades do esporte. A partir daí, podemos perceber o quanto a “Lei Pelé” é carregada de injustiças e incoerências.

A primeira interferência da política no futebol foi em 1941, com João Lyra Filho, em pleno governo de Getúlio Vargas. João criou o Decreto-Lei 3.199 que colocava normas gerais, sem muitas especificações. O problema é que a partir daí, cada vez mais foram sendo criadas leis, onde umas eram controversas a outras. O que trouxe imparcialidade e falta de transparência nas leis que se regem. Em 1993, foi criada a “Lei Zico” pelo Secretário de Esportes Artur Antunes Coimbra, no governo de Itamar Franco. Um pouco mais tarde, no governo FHC, foi criada pelo Ministro Extraordinário dos Esportes Edson Arantes do Nascimento (reconhecem este nome? Pois é. Futebol e política claramente “unidos”) a “Lei Pelé” que praticamente repetia a “Lei Zico”, porém com algumas modificações. Não entrarei em muitas especificações sobre os Artigos da “Lei Pelé”, mas vale dizer que muitos deles desrespeitam claramente a Artigos da Carta Magna, o que é um tremendo erro judicial. Teoricamente a lei nunca deveria ter entrado em vigor, já que não está de acordo com anteriores e, portanto, pode ser considerada inconstitucional.

O maior problema é a questão do “Passe Livre” que entrou em vigor com esta lei (que é inconstitucional) e prejudica, e muito, o futebol e os campeonatos brasileiros. A lei prevê, basicamente, que o jogador pode ser vendido para o exterior sem que o time estrangeiro pague qualquer tipo de indenização ao clube – que “formou” o jogador em sua categoria de base - e o clube brasileiro que quiser comprar um jogador estrangeiro, terá que pagar diversas multas e indenizações. O que não faz o mínimo sentido e demonstra um imperialismo absurdo, uma exploração do Brasil. A lei previa fornecer autonomia aos jogadores, o que também não acontece em times de médio e pequeno porte, pois os clubes que não estiverem satisfeitos com o desempenho de um jogador podem simplesmente demiti-lo depois do campeonato, trazendo mais desemprego ao país.

Para concluir, a lei trouxe diversos problemas para o futebol brasileiro, acarretando na perda significativa de jogadores para o exterior e virando esta bagunça que é o futebol hoje em dia. Não preciso nem lembrar como ficou o torcedor nesta história, que vê seu time estruturar-se e desestruturar-se a cada campeonato, subindo e decaindo a cada ano. A adequação do calendário brasileiro ao do exterior creio que seja mais uma artimanha do Governo para maquilar um problema milhões de vezes maior. Para fazer o torcedor acreditar que algo está sendo feito para que o futebol brasileiro tenha seu devido valor. Não gosto de pensar que no Brasil as coisas funcionem deste jeito e que não há solução, mas creio que enquanto aceitarmos este tipo de lei, que não tem o menor sentido e desrespeita uma série de outras leis, estaremos, e o futebol também, à mercê desta política “podre”.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A Hard Night's Day

Acordei com o sol batendo na minha cara. Por que será que meu pai não fechou a janela como ele costuma fazer? Queria dormir mais... Depois da noitada de ontem meu corpo implorava para ficar o dia inteiro na cama.

Virei de lado e coloquei o travesseiro no rosto. Ainda assim aquela claridade me incomodava, sem falar naquele barulho chato de trânsito...

Ei, espera aí! Como assim barulho de trânsito?! Minha rua é super sossegada, o que diabos teria acontecido?

Abri os olhos e levantei como quem acorda de um pesadelo. Caramba, péssima idéia! Devia ter ficado de olhos bem fechados... o quarto em que eu estava era completamente estranho.

A cama era imensa e muito mais macia que a minha. As paredes estavam todas com aqueles papéis de parede de péssimo gosto. Quase por inteiro, o chão era coberto por um carpete cinza, a não ser em um cantinho do quarto, onde este parecia ter sido arrancado a mão. Apenas a cama era diferente dos outros móveis, enquanto esta era de metal os outros eram todos móveis lindos, feitos de madeira nobre e estavam espalhados ao longo do quarto inteiro: do meu lado uma mesinha de cabeceira, na frente da cama uma estante repleta de aparelhos eletrônicos e DVD’s, no canto oposto ao do carpete rasgado um armário gigante e encostado em uma das paredes um baú.

A cama estava coberta por um edredom xadrez muito bonito. Assim fui seguindo os quadriculados para minha direita, até que meu olhar esbarrou em um corpo.

Caramba, o que é que eu fiz ontem?! Só me lembro de estar bebendo naquela festa, brindando com os amigos; depois disso estava acordando nesse quarto estranho com essa pessoa talvez mais estranha ainda ao meu lado.

Enquanto fui aproximando o rosto para ver quem era, fui odiando o que ia vendo. O braço era grosso e cabeludo, os ombros largos, o queixo grande com uma barba por fazer... enfim, um homem.

Imagina como eu me senti na hora. Eu sou espada! Gosto é de mulher! Mas era cedo demais para ter certeza. Talvez eu tivesse tomado algum alucinógeno na noite anterior e ainda estava sob efeito dele, quem sabe? Por isso levantei e andei em direção a uma porta aberta que dava para ver uma pia através do vão. Como tinha suspeitado, era um banheiro. Entrei nele e fechei a porta.

Liguei a torneira e lavei o rosto inúmeras vezes. Pena que não tinha espelho. Queria ver a minha cara... Depois dei alguns tapas nas bochechas e, mesmo já sabendo não estar sob efeito de droga nenhuma, saí do banheiro achando que quando eu abrisse a porta acordaria na minha velha e boa cama e daria graças a Deus que aquilo tudo não passava de um sonho. Adivinha só, eu saí do banheiro, mas não fui para o meu quarto, ainda estava naquele lugar estranho. Pior ainda, ou melhor, talvez, o cara estava acordado.

Fiquei esperando para ele virar e olhar para mim. Como é que eu ia chamar sua atenção? Falaria: “Ei, dormi contigo hoje. Tem como você explicar o que aconteceu”?

Ele demorou um pouco para virar, mas finalmente o fez. Como eu, sua expressão foi de pânico. Gritou furioso:

- Quem é você?! Como veio parar aqui?! É bom você não ter tocado em mim esta noite!

- Tomara que não!

- Como assim? Você não lembra?

- Queria que você me contasse o que aconteceu.

Abaixou o tom de voz e perguntou novamente:

- Quem é você?

- Vamos poupar os nomes.

- Certo. Mas e ontem? Será quê...?

- A minha bunda não ta doendo.

- É, nem a minha....

- Então ótimo, ficamos combinados que não aconteceu nada.

- Combinadíssimos.

- Bom, acho que o melhor agora é ir embora...

- É... Ei, você não vai contar isso a ninguém, vai?

- Claro que não...

Colocamos nossas roupas, já que dormimos de cueca, o que foi realmente constrangedor. Ele levou-me à porta e abriu-a. Era uma casa gigante, linda... ainda assim, senti-me ótimo ao sair de lá.

Quanto ao que falei para ele sobre não contar a ninguém... Bom, não preciso nem dizer que não cumpri com o trato. Desculpa, mas eu não podia perder uma história dessas.

sábado, 15 de agosto de 2009

Estreitas Relações

Se o futebol é o ópio do povo como dizem os professores de história do nosso país, não sei dizer, como disse na postagem anterior meu colega Pedro Mendonça. Se for só business, como disse Mario Gobbi, dirigente do Corinthians, não sei mais o que é futebol. Mas duas coisas nós não podemos negar, ele está caminhando cada vez mais para isso . A questão do business acho que não preciso comentar, anteriormente neste mesmo blog o Pedro Mendonça já deixou bem clara a sensação de um corinthiano, como eu. Resta-me então comentar o outro lado da situação, quais seriam as reais relações da política com o futebol no Brasil.

E para mim fica claro que este se torna cada vez mais um movimento de manobra dos políticos para poderem chegar ao poder e por lá se manter. As maiores decepções da nossa seleção estão sempre ligadas aos momentos mais conturbados da nossa história recente. Hilário Franco Júnior, em sua obra “A dança dos deuses”, descreve desta maneira a relação do futebol brasileiro com o povo: “As vitórias de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002 bem como as derrotas nos demais mundiais (sobretudo de 1950, 1978, 1982, 1998, 2006) comprovam aquele diagnóstico. O fato de o Brasil ser um país ‘desigual e combinado’, na expressão de José de Souza Martins, manifesta-se no futebol na esquizofrenia, abatimento/ euforia, idolatria/ perseguição, que marca as relações entre a seleção e a população, revelando que no fundo projetamos mais nos campo de futebol do que nos campos sociais.”

Fica claro como o uso do futebol esconde a situação que o país está ultrapassando, as vitórias da seleção vieram em momentos que novos governos se instalavam e em momentos que era necessária uma afirmação de que o futuro seria bom, o futebol surgia como uma ferramenta para difundia essa idéia na população. As decepções em momentos conturbados, econômica ou politicamente. Em 2006, por exemplo, no ano em que cometeram a ousadia de comparar uma seleção com a de 1970, vieram à tona uma seqüência de abusos no senado e no poder executivo. Neste mesmo ano de 1970, quando o Brasil encantou o mundo, nosso crescimento econômico era alto, chegando à casa dos 70% anuais, mesmo que isso criasse problemas depois, era uma situação boa para o país, onde o governo militar precisava continuar se afirmando.

Sabendo dessa projeção maior no campo de futebol do que nos campos sociais, como disse Hilário Franco Junior, os políticos e dirigentes transformam a massa torcedora em uma massa maleável que pode tomar qualquer caminho, dependendo da situação que a seleção, ou o seu time, atravessa no momento. Se a seleção perde um mundial é sempre culpa de um ou dois (dirigentes, jogadores) e estes são cassados e vistos com traidores. Aqueles que entram no seu lugar são vistos como salvadores da pátria, mesmo que não representem uma mudança na forma que as coisas são conduzidas (como na maioria dos casos).

Ou seja, a seleção brasileira sagrou-se campeã quando a situação era boa no Brasil. Demonstrando a forte ligação entre os dirigentes do esporte e os nossos governantes, não é à toa que ainda presenciamos figuras como Alberto Dualib e Mustafá Contursi. Dirigentes que dispensam apresentações e ainda estão soltos, com os inquéritos que os incriminam arquivados. Isso mostra como existe uma falta de respeito com o torcedor, aquele que mais se importa e se identifica com o futebol no Brasil.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O que há com o futebol brasileiro?

O que há com o futebol brasileiro? Será que ele ainda é o ópio do povo como dizia meu professor de história da oitava série, ou será que ele é apenas business. como disse Mario Gobbi, dirigente do Corinthians: “...É ignorar que o final do futebol não seja (sic) dar retorno financeiro ao clube, ao jogador que quer. Futebol nada mais é do que business ...”

Ele já pediu desculpa por isso, mas não consigo tirar de minha mente sua declaração. E o torcedor dos clubes, que pagam ingresso incessantemente, apóiam o time nas situações boas e ruins e muitas vezes quando começam a se encantar, a ser contagiado pelo futebol de um time que joga bola bonito, que está ganhando, vê a diretoria vender suas principais peças e desmontar times.

Deve ter alguma razão para ter uma média de mil jogadores por ano que deixam o Brasil para o exterior. Algo de errado deve ter. Quero deixar claro que o que se falou nas linhas acima se refere principalmente ao Corinthians, que hoje em dia é o exemplo mais claro disso. Com a venda de apenas três jogadores, que todos sabiam que eram as peças mais fundamentais do time campeão da Copa do Brasil, fez o time cair de produção e despencar na tabela do campeonato brasileiro.

Mas será que o futebol brasileiro virou essa decadência de promover jogadores para tentar vende-los posteriormente por um preço muito maior ao qual o clube o adquiriu? Eu vejo alguns exemplos ainda que me fazem ter alguma esperança. Este é o caso do São Paulo que ainda não vendeu nenhum de seus principais jogadores nesta janela e declarou que não pretende vender. É o caso do Palmeiras que fez um pacto com seu investidor de tentar segurar seus jogadores mesmo que cheguem propostas, que comprou todos os direitos federativos do jogador Pierre para não vende-lo.

Temos também a adequação do calendário Brasileiro ao calendário Europeu, de modo que os times não se desmontem no meio do campeonato.

Isto tudo é o que temos de melhor no futebol brasileiro, mas ainda é muito pouco. Ainda estamos no começo da janela de transferências. Ainda temos vinte dias de sofrimento pois todos sabem que se chegar uma proposta alta nos principais jogadores dos clubes, mesmo de São Paulo e Palmeiras, não será possível segura-los. Todos sabemos que a adequação do calendário brasileiro ao europeu é apenas para não desmontar os times no meio do campeonato, mas desmonta-los no final da temporada.

Porém, isso é só para o torcedor não criar muitas esperanças, e entrar no campeonato já desacreditado. Para alguns será bom, pois os pessimistas preferem a surpresa ao desapontamento.

Mesmo eu, que sempre fui otimista, hoje me pergunto, o que há com o futebol brasileiro?

De um desapontado torcedor do Corinthians
Mas antes de tudo fanático por futebol
Pedro Mendonça

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Consenso da Coerção

A história brasileira das décadas de 60 até 80 foram marcadas pela luta de uma juventude proveniente da classe média, principalmente, carioca e paulistana contra a ditadura militar e suas medidas autoritárias e coercitivas.

Entretanto, hoje em dia, na primeira década do século XXI, com a ditadura fazendo parte dos livros de história e aquela juventude como a atual terceira idade, vemos que o caminho contrário em relação aquela época está acontecendo. Enquanto muitos lutaram contra o fim de um sistema que impunha o modo como deveríamos viver, hoje em dia, em plena democracia, independentemente de ser boa ou ruim, estamos pedindo mais leis que regulamentem nossas vidas. Enquadramos-nos novamente no papel de cidadão, que na sociedade moderna é aquele que reclama pelos seus direitos, já que, a reclamação é vista como algo positivo.

A perda de poder da religião na sociedade é um dos motivos pelos quais Nietzsche denuncia a morte de Deus, pois na idade média, a religião era muito presente no cotidiano como marcadora do tempo e por estar atrelada a política. Todavia, isso começou a mudar com as denúncias de Hobbes, Maquiavel e Espinosa de que a religião tem que estar separada da política. Porém, vemos que a cultura ressentida, baseada neste Deus que agora está morto, que domestica o nosso corpo para atitudes com niilistas, faz com que, também, passemos a agir como massa. Logo, por agirmos assim, não nos tornamos seres ativos, que agem segundo seus interesses refletidos e sim, passivos, pois apenas recebemos ordens. Agimos como se Deus existisse, pois damos aos maiores ídolos da modernidade, Estado e ciência, o papel de controlador das nossas vidas. Portanto, a morte de Deus de nada bastou, porque nada se afirmou em seu lugar e, continuamos agindo segundo a moral cristã.

Não se age seguindo aquilo que é melhor para si mesmo, mesmo relevando que esse si mesmo, envolva uma noção de coletivo de que o bem-estar de que um indivíduo depende dos demais ao seu redor, pois dependemos dos outros para tudo. Só poderia, por exemplo, estar escrevendo este texto em meu computador, porque alguém em um lugar bem longe o fez, pois meu pai o comprou e, porque meus professores me ensinaram esses conteúdos que estou tentando transmitir. Agimos de maneira espontânea, pois não refletimos sobre essa moral ressentida. Sendo assim, estamos fazendo as coisas de maneira alienada dos nossos interesses, pois agir instintivamente é, apenas, reproduzir os valores praticados em nossa sociedade.

Essa apropriação da idéia de cidadão e dessa cultura negadora da vida faz com que as pessoas lutem e queiram leis que regulamentem suas vidas e que, como conseqüência, aumente o sentimento de culpa nos outros, pois o Estado e a ciência juntos, negando algo, fazem com que aqueles que atuem contrariamente a estes, estejam definitivamente errados. Tornamos-nos, então, servos das leis, pois temos nossas vidas impostas, sem possibilidades de criação. Isso sem considerar a mídia, que utiliza essa regulamentação como exemplo para todos, fazendo com que queiramos seguir isso.

Um bom e recente exemplo para isso pode ser a lei que proibirá o fumo em diversos locais fechados. O interessante seria que todos tivessem a consciência de que seu mal não precisa ser compartilhado com os outros que não tem nada a ver com ele. Por outro lado, não seria necessária uma lei para enquadrar cada vez mais nossa vida, dizendo o que podemos e não podemos fazer.

No entanto, isso está estritamente ligado a nossa educação. Penso que as pessoas só poderão refletir sobre essas questões quando tiverem contato com um ambiente que promova uma reflexão sobre a consciência do coletivo, de como a atitude de um indivíduo interfere nos demais ao seu redor, fazendo com que uma atitude individual que prejudique o outro de maneira proposital ou que tenha, simplesmente, a consciência do sujeito, tenha o caráter autoritário. Contudo, devo considerar que uma sociedade que preza tanto pelo individualismo e que atribui a ele um aspecto natural através de uma forte ideologia, dificulta e muito qualquer mudança educacional, porém, não a torna impossível.

Entretanto, a partir do dia 7 de Agosto, sexta-feira, não será permitido fumar em locais como condomínios, hotéis, motéis, locais de trabalho fechados, estádios, restaurantes e bares. Contudo, cada local citado acima tem suas exceções para o fumo.

Além de ser uma lei que vai regulamentar nossas vidas, essa medida trará consigo mesma ações preventivas de casas noturnas. Um dos motivos dessas ações preventivas são as multas para os locais que forem pegos ou denunciados com fumantes que, receberam indenizações que variam de 792,50 Reais até 30 dias de interdição. Não é a toa que além da própria lei, teremos que nos acostumar com o alto número de vigilantes observando o que fazemos atentamente em locais que terão o uso do fumo proibido, pois muitos locais contratarão a partir de sexta-feira, dia 7 de agosto de 2009, seguranças que fiscalizarão fumantes que tentem burlar essa lei como foi exposto na Folha de S. Paulo no dia 2, domingo, no caderno Cotidiano, no ano de 2009.

sábado, 8 de agosto de 2009

Manifesto à lingua

Neste mundo, tantas vezes banal e superficial, temos a linguagem. A linguagem, que não serve apenas para nos comunicarmos. A linguagem,que se junta com a forma,com a escrita, com o som, com o desenho, em uma arte abrangente e rica. Uma arte que pode utilizar de palavras corriqueiras para tocar e emocionar. Para simplesmente dizer. E ser ouvido. Que neste mundo em que todos dizem precisar de amor, por que não se fala em precisar de palavras? Palavras essas que descrevem outros tantos sentimentos sem nome, que descrevem tudo da forma mais humana e profunda que podem alcançar.

Que salve então, todos aqueles que descrevem e dizem tudo o que pensam, com palavras. Sem se importar com regras ou convenções. Que se expressam e se mostram, desvendem-se a si mesmos e aos outros da forma mais bela e coerente que podem. Salve Saramago! Salve Leminski! Salve Caio Fernando Abreu! Salve o poeta gentileza! Salve Guimarães! Aquele, que mostrou o Brasil da forma mais pura e clara. Que nos mostrou o Brasil. Que mostrou o Brasil até para quem não queria enxergar. Foi em seu ímpeto e tocou a todos, sem se importar com convenções. E todos o ouviram, e o entenderam. Tornou mais simples e humilde, algo que foi (e ainda é) considerado muito solene.

Que a arte de falar e ouvir, portanto, seja valorizada. . Que possamos nos tornar seres que não colocam dinheiro, matéria, capital à frente da expressão; à frente de nossa própria primitividade, a lingua. Que a tecnologia e o luxo não tomem o homem e sua capacidade de criar. Que o lixo não cubra aquilo que já foi escrito. Que o homem continue a evoluir a partir de sua capacidade de criar e se descobrir. Que os livros não se estinguam, que as ideias alheias sejam respeitadas. Que haja literatura e possibilidade de aprender para todo e qualquer ser humano. Que a literatura e a educação não seja elitizada e que seja, sim, motivo de festividades. Que a arte de ensinar seja mais valorizada do que qualquer máquina de construir. E que isso não seja uma utopia.

Que usemos, então, a nossa amada língua. Que nela seja feita a esperança. "A esperança de tudo saber", como já diria o poeta. Que nós saibamos que tudo conseguiremos com ela, que é ela que nos constrói, nos consome,nos faz quem somos. Somos o que somos, dizendo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Um Brinde À Gripe Suína

“À gripe suína!” Ultimamente, essa é a frase que eu mais ouço depois de todos da mesa se servirem do primeiro copo de cerveja, pois como você deve saber, as volta às aulas foram adiadas em até quatorze dias em algumas escolas, o que outrora ouvi sob um termo impagável na televisão, “férias forçadas”.

Sinto muito por todas as mortes causadas pelo H1N1, eu mesmo fui vítima do vírus. Foi a pior noite que passei em toda minha vida, tive mais de 40ºC de febre, delírios, calafrios e etc. O curioso foi que, mesmo tendo asma, não senti falta de ar.

Mas minto, no meu caso a gripe A não foi confirmada. Pelo que entendi todos que vão gripados para o hospital estão com medo da nova gripe e, como o exame para detectá-la só é feito em três lugares no país inteiro e leva três dias para ficar pronto, a maioria apenas recebe aquelas malditas máscaras e alguma receita indicando ou um antiviral ou um antibiótico, caso já tenha virado uma pneumonia, que foi o meu caso.

Sei que não sou médico, também não pretendo ser e nunca pretendi, mas acho que essa epidemia e sua repercussão no mundo está sendo exagerada. Pelo que sei, pois ouvi de outros médicos, a gripe suína mata menos que as anteriores, às quais estamos tão acostumados, mas esse foi o primeiro inverno que vi pessoas usando máscaras aqui no Brasil pra evitarem contágio. Além disso, o médico que me receitou o antibiótico disse que, invariavelmente, um paciente gripado será medicado por um dos dois remédios que disse acima, de forma que não faz muita diferença se for a gripe A ou aquele velho resfriado.

Por outro lado, nunca uma doença me derrubou daquele jeito. O dia seguinte ao da febre, passei de cama. Recusava todo tipo de comida, e quem me conhece sabe que isso é bem raro. Talvez a nova gripe tenha mais facilidade do que as outras para virar uma pneumonia, o que é, realmente, um problema.

Mesmo assim, continuo com a impressão de que a atenção que a mídia está dando para esse surto é demasiada grande. As pessoas ficam muito preocupadas, ainda mais agora, no inverno, quando ficamos mais próximos uns dos outros e muita gente fica resfriada.

domingo, 2 de agosto de 2009

Brasileirão - 2009

O campeonato brasileiro de 2009 já está na décima sexta rodada e ainda não há um time que seja apontado como o favorito ao título. Os primeiros colocados, Palmeiras e Atlético-MG, não deslancharam.

O Palmeiras, desde o início do ano era apontado como uma dúvida, pois não fez contratações de impacto e, perdeu quase todos os atletas que conseguiram a classificação para a libertadores de 2009. No entanto, o Palmeiras vem jogando muito bem, pois é um time muito aplicado taticamente e possuidor de uma forte marcação no meio de campo. Outro fator decisivo para o Palmeiras é que o clube não possui jovens promessas se destacando com características que poderiam interessar ao futebol europeu.

Esse pode ser o trunfo do Palmeiras, pois com a maior movimentação do mercado e sem grandes estrelas, o clube pode manter a base e o entrosamento dos jogadores para a continuação da competição. Isso sem contar com a chegada do treinador Muricy Ramalho, que foi tricampeão Brasileiro pelo rival São Paulo, fazendo com que o Palmeiras se credencie a candidato a conquista do nacional. A única exceção dentro desse time alvi-verde é o jovem jogador Diego Souza, porque têm muita força física e uma grande qualidade técnica. Marcas que chamam a atenção de muitos clubes europeus. Diego vem se destacando muito no time de Palestra Itália, com gols importantes e ótimas atuações, justificando o motivo pelo qual muitos jornalistas acreditam que o Werder Bremen da Alemanha tem interesse no jogador, ainda mais depois da perda do meia, também brasileiro, Diego para a Juventus de Turin.

O Atlético mineiro também tem a sua exceção dentro do seu elenco. Diego Tardelli vem desequilibrando as partidas para o Galo, com jogadas técnicas e, principalmente, com muitos gols. Além disso, Diego teve uma boa passagem pela Europa, fazendo com que o atleta ainda possua mercado no velho continente. Tardelli, contudo, tem outro fator que pode tirá-lo de Minas Gerais, pois, recentemente, fora convocado por Dunga para defender a seleção brasileira. Isso, sem dúvida, gerará uma maior visibilidade no atleta, mesmo que ele não atue, já que, só por estar no grupo da seleção canarinho, o jogador pode gerar interesse em muitos clubes internacionais.

O Galo, porém, tem um time mais fraco tecnicamente que o de Parque Antártica, pois muitos atletas que no Atlético estão dando certo eram reservas dos clubes paulistas, inclusive do Palmeiras. Renan, Éder Luís e Júnior, atuavam no São Paulo, além do ex-palmerense Evandro e do ex-corinthiano Carlos Alberto. Isso sem contar nos reservas do Atlético, Renan e Alex Bruno, que também eram suplentes no São Paulo.

No entanto, já estamos na décima sexta rodada e, para um “cavalo paraguaio”, até que o Atlético já conseguiu bons resultados. Talvez, continue brigando pelo nacional até o final da competição, pois seu técnico, Celso Roth, conseguiu com um time também sem craques, o vice-campeonato brasileiro do ano de 2008 pelo Grêmio.

A força desses dois clubes se deve também a saída de grandes atletas dos concorrentes diretos a conquista do campeonato. O Internacional, além de perder o atacando Nilmar para o Villareal da Espanha, tem o jogador D’alessandro afastado pela diretoria. O colorado parece que esqueceu como jogar futebol depois da perda da Copa do Brasil para o Corinthians, pois, até então, o Internacional demonstrava um futebol encantador.

O Tricolor Paulista, atual tri-campeão brasileiro, está enfraquecido. Mesmo tendo um grande elenco no papel, com jogadores que tiveram boas atuações no ano passado pelo próprio São Paulo, o Tricolor não conseguiu engrenar no nacional. Nem a contratação de bons atletas, como a do meia Marlos, ex-Coritiba, vem resolvendo as partidas para o São Paulo. Isso se torna mais preocupante quando notamos que já estamos com mais de um 1/3 da competição encerrada. Todavia, não é bom duvidar da força do São Paulo, porque é um time que quando começa a vencer, dificilmente para. Foi assim que o time do Morumbi levantou o caneco no ano passado.

O Corinthians que era apontado como um dos favoritos ao título, perdeu três peças muito importantes para o time, Christian, André Santos e Douglas. Uma mostra disso foi o clássico contra o arqui-rival Palmeiras. O timão pecou muito na criação de jogadas e na saída de jogo, responsabilidades que eram desempenhadas de maneira brilhante pelos jogadores Christian e André Santos, já que Douglas ainda estava disponível para atuar contra o Verdão, porém sua participação aconteceu de maneira apagada. Contudo, como o São Paulo e outros times no Brasil, o Corinthians tem muita “camisa” para poder entrar na briga pelo título. Por outro lado, pouco tempo para recompor seu time com outros atletas. A contratação do meia Edu não será suficiente se comparada com as vendas já concretizadas e, as bem possíveis do goleiro Felipe e até do “motor” da equipe, Elias.

O campeonato assim é ótimo para os torcedores, se pensarmos que várias equipes ainda têm chances de conquistá-lo. No entanto, somos nós, torcedores, que temos que nos acostumar novamente com a venda de atletas diferenciados e, portanto, ver péssimas atuações na parte técnica e nos contentar com um bom campeonato no aspecto emocional.