terça-feira, 18 de agosto de 2009

A Hard Night's Day

Acordei com o sol batendo na minha cara. Por que será que meu pai não fechou a janela como ele costuma fazer? Queria dormir mais... Depois da noitada de ontem meu corpo implorava para ficar o dia inteiro na cama.

Virei de lado e coloquei o travesseiro no rosto. Ainda assim aquela claridade me incomodava, sem falar naquele barulho chato de trânsito...

Ei, espera aí! Como assim barulho de trânsito?! Minha rua é super sossegada, o que diabos teria acontecido?

Abri os olhos e levantei como quem acorda de um pesadelo. Caramba, péssima idéia! Devia ter ficado de olhos bem fechados... o quarto em que eu estava era completamente estranho.

A cama era imensa e muito mais macia que a minha. As paredes estavam todas com aqueles papéis de parede de péssimo gosto. Quase por inteiro, o chão era coberto por um carpete cinza, a não ser em um cantinho do quarto, onde este parecia ter sido arrancado a mão. Apenas a cama era diferente dos outros móveis, enquanto esta era de metal os outros eram todos móveis lindos, feitos de madeira nobre e estavam espalhados ao longo do quarto inteiro: do meu lado uma mesinha de cabeceira, na frente da cama uma estante repleta de aparelhos eletrônicos e DVD’s, no canto oposto ao do carpete rasgado um armário gigante e encostado em uma das paredes um baú.

A cama estava coberta por um edredom xadrez muito bonito. Assim fui seguindo os quadriculados para minha direita, até que meu olhar esbarrou em um corpo.

Caramba, o que é que eu fiz ontem?! Só me lembro de estar bebendo naquela festa, brindando com os amigos; depois disso estava acordando nesse quarto estranho com essa pessoa talvez mais estranha ainda ao meu lado.

Enquanto fui aproximando o rosto para ver quem era, fui odiando o que ia vendo. O braço era grosso e cabeludo, os ombros largos, o queixo grande com uma barba por fazer... enfim, um homem.

Imagina como eu me senti na hora. Eu sou espada! Gosto é de mulher! Mas era cedo demais para ter certeza. Talvez eu tivesse tomado algum alucinógeno na noite anterior e ainda estava sob efeito dele, quem sabe? Por isso levantei e andei em direção a uma porta aberta que dava para ver uma pia através do vão. Como tinha suspeitado, era um banheiro. Entrei nele e fechei a porta.

Liguei a torneira e lavei o rosto inúmeras vezes. Pena que não tinha espelho. Queria ver a minha cara... Depois dei alguns tapas nas bochechas e, mesmo já sabendo não estar sob efeito de droga nenhuma, saí do banheiro achando que quando eu abrisse a porta acordaria na minha velha e boa cama e daria graças a Deus que aquilo tudo não passava de um sonho. Adivinha só, eu saí do banheiro, mas não fui para o meu quarto, ainda estava naquele lugar estranho. Pior ainda, ou melhor, talvez, o cara estava acordado.

Fiquei esperando para ele virar e olhar para mim. Como é que eu ia chamar sua atenção? Falaria: “Ei, dormi contigo hoje. Tem como você explicar o que aconteceu”?

Ele demorou um pouco para virar, mas finalmente o fez. Como eu, sua expressão foi de pânico. Gritou furioso:

- Quem é você?! Como veio parar aqui?! É bom você não ter tocado em mim esta noite!

- Tomara que não!

- Como assim? Você não lembra?

- Queria que você me contasse o que aconteceu.

Abaixou o tom de voz e perguntou novamente:

- Quem é você?

- Vamos poupar os nomes.

- Certo. Mas e ontem? Será quê...?

- A minha bunda não ta doendo.

- É, nem a minha....

- Então ótimo, ficamos combinados que não aconteceu nada.

- Combinadíssimos.

- Bom, acho que o melhor agora é ir embora...

- É... Ei, você não vai contar isso a ninguém, vai?

- Claro que não...

Colocamos nossas roupas, já que dormimos de cueca, o que foi realmente constrangedor. Ele levou-me à porta e abriu-a. Era uma casa gigante, linda... ainda assim, senti-me ótimo ao sair de lá.

Quanto ao que falei para ele sobre não contar a ninguém... Bom, não preciso nem dizer que não cumpri com o trato. Desculpa, mas eu não podia perder uma história dessas.

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