sábado, 15 de agosto de 2009

Estreitas Relações

Se o futebol é o ópio do povo como dizem os professores de história do nosso país, não sei dizer, como disse na postagem anterior meu colega Pedro Mendonça. Se for só business, como disse Mario Gobbi, dirigente do Corinthians, não sei mais o que é futebol. Mas duas coisas nós não podemos negar, ele está caminhando cada vez mais para isso . A questão do business acho que não preciso comentar, anteriormente neste mesmo blog o Pedro Mendonça já deixou bem clara a sensação de um corinthiano, como eu. Resta-me então comentar o outro lado da situação, quais seriam as reais relações da política com o futebol no Brasil.

E para mim fica claro que este se torna cada vez mais um movimento de manobra dos políticos para poderem chegar ao poder e por lá se manter. As maiores decepções da nossa seleção estão sempre ligadas aos momentos mais conturbados da nossa história recente. Hilário Franco Júnior, em sua obra “A dança dos deuses”, descreve desta maneira a relação do futebol brasileiro com o povo: “As vitórias de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002 bem como as derrotas nos demais mundiais (sobretudo de 1950, 1978, 1982, 1998, 2006) comprovam aquele diagnóstico. O fato de o Brasil ser um país ‘desigual e combinado’, na expressão de José de Souza Martins, manifesta-se no futebol na esquizofrenia, abatimento/ euforia, idolatria/ perseguição, que marca as relações entre a seleção e a população, revelando que no fundo projetamos mais nos campo de futebol do que nos campos sociais.”

Fica claro como o uso do futebol esconde a situação que o país está ultrapassando, as vitórias da seleção vieram em momentos que novos governos se instalavam e em momentos que era necessária uma afirmação de que o futuro seria bom, o futebol surgia como uma ferramenta para difundia essa idéia na população. As decepções em momentos conturbados, econômica ou politicamente. Em 2006, por exemplo, no ano em que cometeram a ousadia de comparar uma seleção com a de 1970, vieram à tona uma seqüência de abusos no senado e no poder executivo. Neste mesmo ano de 1970, quando o Brasil encantou o mundo, nosso crescimento econômico era alto, chegando à casa dos 70% anuais, mesmo que isso criasse problemas depois, era uma situação boa para o país, onde o governo militar precisava continuar se afirmando.

Sabendo dessa projeção maior no campo de futebol do que nos campos sociais, como disse Hilário Franco Junior, os políticos e dirigentes transformam a massa torcedora em uma massa maleável que pode tomar qualquer caminho, dependendo da situação que a seleção, ou o seu time, atravessa no momento. Se a seleção perde um mundial é sempre culpa de um ou dois (dirigentes, jogadores) e estes são cassados e vistos com traidores. Aqueles que entram no seu lugar são vistos como salvadores da pátria, mesmo que não representem uma mudança na forma que as coisas são conduzidas (como na maioria dos casos).

Ou seja, a seleção brasileira sagrou-se campeã quando a situação era boa no Brasil. Demonstrando a forte ligação entre os dirigentes do esporte e os nossos governantes, não é à toa que ainda presenciamos figuras como Alberto Dualib e Mustafá Contursi. Dirigentes que dispensam apresentações e ainda estão soltos, com os inquéritos que os incriminam arquivados. Isso mostra como existe uma falta de respeito com o torcedor, aquele que mais se importa e se identifica com o futebol no Brasil.

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