sábado, 3 de outubro de 2009

A Luta de Classes

Por mais que muitos intelectuais da esquerda entendam que a sociedade de hoje é muito mais complexa que a de Marx e que, portanto, não pode ser apenas dividida por proletariados e burgueses, a luta de classes ainda existe. Recentemente, vimos que diversas categorias estão lutando e reivindicando seus direitos trabalhistas, como os bancários, os metalúrgicos, os funcionários terceirizados responsáveis pela limpeza e os empregados dos Correios.

Os bancários pararam cerca de 264 locais de trabalho com a adesão de aproximadamente 16 mil pessoas, segundo seu sindicato, atrelado a CUT(Central Única do Trabalhador). Os bancários se reuniram na quarta-feira e por unanimidade das aproximadamente 2 mil pessoas que compareceram a reunião, decidiu-se entrar em greve por tempo indeterminado por não concordar com o reajuste proposto pela federação dos bancos (FENABAN), que gira em torno de 4%. A modificação que seria importa também reduziria a PLR (participação nos lucros e resultados), além de não garantir melhores condições de trabalho para a categoria. As exigências dos trabalhadores são de que haja um reajuste salarial de 10%, aumento na PLR, proteção ao emprego e melhores condições de trabalho. O movimento parece estar tão organizado que, cerca de mil pessoas compareceram a passeata em nome da paralisação proposta pelo sindicato na sexta feira (25/09), na Avenida Paulista.

Além disso, segundo o Globo, no dia 21 de Setembro, os trabalhadores responsáveis pela limpeza da cidade entraram em greve. Estariam reivindicando a demissão de 1.868 garis pelas empresas do setor (568 já demitidos e outros 1.300 que seriam). Isso se agravaria, principalmente, com o corte de investimentos que era de interesse da gestão Kassab de aproximadamente 20% para as empresas responsáveis pela terceirização. Contudo, segundo o sindicato responsável pela categoria, Selur, por mais que os cortes girassem em torno de 20%, da prefeitura para as empresas terceirizadas, os reflexos nas empresas e, portanto, nos trabalhadores, estaria por volta de 40%. A greve, então, só seria suspensa se as empresas prometessem recontratar os demitidos e garantissem que não demitiriam mais. Porém, depois da paralisação do 21 de setembro, de aproximadamente 20% da categoria, o governo Kassab voltou atrás nos cortes de investimento as empresas, amenizando a situação.

Enquanto isso, os metalúrgicos, que costumam formar uma classe muito combativa, entraram em greve na sexta feira, dia 18 de Setembro, segundo a Folha de S. Paulo por tempo indeterminado. Os funcionários da GM de São Caetano do Sul e de São José dos campos entraram em greve pedindo reajustes salariais. Segundo o sindicato, 1.800 veículos deixaram de ser produzidos nas duas regiões na sexta feira devido às interrupções. Os representantes da greve do ABC não aceitam um reajuste menor ao desenvolvimento obtido pelas empresas que, portanto, lhes concederia um aumento real de 2%, além dos 4,4% da inflação do período, mais abono correspondente a um terço do salário médio do grupo.

Engana-se quem pensa que as greves param nos metalúrgicos. A comissão central de greve dos Correios admiti que 80% dos funcionários aderiram ao movimento, enquanto a direção dos Correios acredita que apenas 20% dos trabalhadores aderiram a greve. As reivindicações são muito fortes, desde o dia 12 de Setembro, exigem um aumento que não acontece desde 1995. Gostariam de um acréscimo de 47% do salário, mais 3% por causa da inflação e um aumento linear que gira em torno de 200 reais, além da contratação de 25 mil funcionários, com a garantia de melhorias nas condições de serviço. No entanto, a empresa oferece um aumento de 13% e de 4% para os que ganham maiores salários.

As contradições do capitalismo fazem com que os interesses de uma classe se sobreponham as demais, ou seja, as menos favorecidas. O sistema fundado na grande desigualdade entre as classes faz com que aquelas que estejam mais organizadas no âmbito sindical, consigam certos privilégios.

Agora, é um absurdo pensar na facilidade que os representantes da nossa democracia têm para conseguir certos privilégios. Os deputados federais e Senadores da república, inspirados pelo aumento dos Procuradores e Integrantes do Judiciário e dos Juízes do STF de 5% num primeiro momento e de 3% para o começo do ano que vem, fazendo com que seus salários passem para algo em torno de 26 mil reais, querem uma ampliação salarial que variaria dos atuais 16 mil reais para os 24 mil. É bom deixar claro que apenas a bancada do Psol é contra tais reformas.

Por outro lado, a base da nossa economia, ou seja, a força de trabalho nacional se submete a situações que podem deixá-los sem seus respectivos empregos, sem considerar que dificilmente conseguem os aumentos pedidos inicialmente pela categoria. Tratamos, também, de salários muito reduzidos se comparados aos dos deputados federais. Dinheiro que trata, em alguns casos, da sobrevivência de muitos, enquanto, em Brasília, do luxo e da ganância da maioria.

Isso deixa claro que a luta de classes está mais do que viva. Mesmo que nos nossos tempos tenhamos relações muito mais complexas, nosso sistema econômico, social e polítoc promove tamanha desigualdade que certas instituições que conseguem criar a noção de classe, grupo, ou, simplesmente, do coletivo, viabiliza a luta por uma maior igualdade social.

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