terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Utopia

Antes de tudo, me considero muito utópico. Para que e como viver sem as utopias? O mundo sem elas faz com que fiquemos no absoluto conformismo, que aceitemos tudo, nos tornando niilistas. Elas são as maiores fontes de críticas, que como conseqüência, exigem a renovação de todo e qualquer pensamento.

Realmente, muitas das experiências socialistas foram falhas, mas serviram para que os filósofos, diferentemente do dito por Marx, continuem pensando o mundo, como foi proposto por Theodor Adorno. Logo, a prática possibilita um aperfeiçoamento da teoria, para que os equívocos sejam explicados e futuramente não se repitam.

Hoje em dia, entendemos alguns dos motivos para tais revoluções socialistas não terem sido o esperado. Primeiramente, o homem socialista, na maior parte do tempo e dos casos, não foi criado. Portanto, idealizaram um regime que preza a solidariedade, ou seja, fraternidade, igualdade e até a liberdade com uma mentalidade capitalista, de competição. Sito esses valores, porque eles não são restritos aos burgueses. Passaram a ser valores ocidentais, inclusive, da esquerda em si.

Talvez, os governos socialistas não nos deixaram muito esperançosos, mas ela, teoria, faz-me crer muito nesse ideal. Enquanto muitos, por outro lado, defendem uma que teoria que nela, já está à desigualdade, como a liberal.

Curioso é observar, escritos liberais que ousam falar em liberdade. O que considero, neste caso, um bem muito restrito e particular, com o caráter pequeno burguês. Como nosso professor de história disse, defender essa liberdade, proposta pelo liberalismo, inclusive a de mercado, é, simplesmente, defender um privilégio. Quantos são aqueles que podem colocar seus filhos em uma escolar particular? Bom, para estes, realmente, a liberdade burguesa existe, pois possuem um grande leque de opções. Já que, ela se resume ao quanto de dinheiro que você tem no bolso.

A liberdade, no entanto, deve ser pensada de modo coletivo. Agnes Heller, primeiramente, acredita que esse sistema alienante cria estereótipos, preconceitos, devido ao seu cotidiano pragmático, direcionado para o consumo. Portanto, nossas ações são pautadas por valores que liquidam nossa liberdade, que deveria ser baseada na reflexão, ou seja, uma ação ativa e não passiva.

Além disso, a liberdade não é ago quantitativo, de quantas pessoas são livres, mas sim, qualitativo, se nossa sociedade, por exemplo, é ou não livre. Nossas ações cotidianas estão tão relacionadas aos outros que não teria condições de escrever esse texto, sem o trabalhador que o produziu em determinada indústria e sem as conversas com o companheiro Vitor Quarenta. Deste modo, a falta de liberdade de um, fará com que todos não a tenham. Será que o filho de um determinado burguês, no gera, é livre a ponto de ir a uma favela? Além de poder ter seus preconceitos, o que não é ago necessário, ele não faz parte de determinados contratos sociais que lá, podem existir devido, também, a falta de liberdade.

Porém, nem é isso que mais me incomoda. O problema é atacarem a ideologia marxista criada, muitas vezes pelos próprios governos de esquerda por meio da sua arte, como se fosse à teoria. Vamos deixar bem claro que não existe essa de igualdade plena, de todos iguais a todos. Uma das bases de Marx, Espinosa, acredita que todos somos singularidades, que recebemos de modos diferentes os afetos exteriores a nós. Se todos nós somos diferentes, por que tratar todos de modo igual? Para isso ser realmente uma igualdade, todos nós deveríamos ter o direito e a chance de ter suas diferentes necessidades supridas, igualmente.

Enquanto a outra base de Marx e Engels, Hegel, refuta a idéia de que somos naturais, como também faz aquele nosso professor de história. Temos muito pouco de natural. A alimentação, hoje em dia, por exemplo, não tem apenas uma função de nos alimentar. Não deveríamos ter o medo de morrer de fome, tanto que não saímos de casa para caçar, e muito menos aceitamos comer tudo o que achamos. Ela passou a ter um papel muito distinto; o de ser algo prazeroso. Nela são transmitidos valores. O sentimento de liberdade ao beber uma coca-cola e lembrar-se das suas propagandas, onde até os ursos bebem-na e se jogam de cachoeiras de uma maneira magnífica. Logo, podemos concordar e entender a tese hegeliana de que a cultura é a negação da natureza. Deixamos de ser naturais, na medida em que os objetos naturais não nos satisfazem, ou seja, quando passamos a produzir e nos relacionar, para melhor nos relacionarmos.

O homem, então, em suas comunidades, se torna um ser da práxis, ou seja, passa a ter uma relação direta com a natureza e com outros homens com um propósito bem definido, de melhorar suas condições de vida. O problema, como no exemplo da alimentação, aparece na distribuição de renda e de alimentação, e não a falta dela.

O sistema proposto por Adam Smith é, sem dúvidas, alienante, com uma grande divisão social do trabalho. O mercado, criado por ele, passa a ter vida própria e, na maioria dos casos, agir contra nós. A teoria criada por Marx tenta liquidar isso.

E para aqueles que julgam os regimes socialistas como assassinos, proponho que tentem ver o quanto a GM, ou outras forças capitalistas, matam por ano. Sem querer defender a morte de muitos por estes regimes, o que está totalmente errado, mas como um professor disse; agora o de geografia, o que mais mata ao ano, de modo disparado, são os acidentes de trânsito.

A minha escolha foi essa, lutar por um mundo melhor por meio da teoria socialista, que preza pela fraternidade, ao invés de cruzar os braços e aceitar a enorme exclusão social. Duro é ver que mesmo quando o socialismo chega ao poder de modo democrático, as forças internacionais atacam o palácio do governo, e deixam morto seu presidente, como o que aconteceu com Salvador Allende.

Um comentário:

  1. Borgão, concordo 100% com sua conclusão e divido dos mesmos preceitos.
    É osso demais, pra aceitarmos roer, ou obrigar outros a roerem por nós!
    A linha de pensamento fica clara, mas eu utilizaria menos autoridades como argumentos, num só texto, por que às vezes, ao invés de explorar bem uma determinada tese, a exposição sequencial de muitas pode gerar uma ineficiência múltipla, não que tenha sido nesse texto, que você consegue passar sua opinião e mostrar também o porquê dela, que fique claro.
    É isso aí, e dá-lhe Voz!
    ps: já deve ter ouvido falar que NINGUÉM CALA? hahahahaha
    aproveita pra monitorar em são carlos ae mlke abraaço

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