domingo, 27 de setembro de 2009

Você de Novo Sarney?

Depois da publicação da matéria pela Folha de S. Paulo do dia 17/9/09, a situação ficou complicada, ou pelo menos deveria, para José Sarney. Segundo o veículo de comunicação, Sarney mentiu para o Senado.

Mesmo depois de passar por uma série de acusações que não foram investigadas pelo conselho de ética, que por sinal eram gravíssimas, Sarney volta a mídia sob suspeita de faltar com a verdade no Senado.

Curioso que esta mentira está ligada as acusações que colocaram o Presidente do Senado na mídia recentemente. Sarney disse não ter nenhuma função administrativa na fundação que carrega seu nome em São Luís (MA). Porém, não foi isso que a Polícia Federal interpretou ao interceptar e-mails e ligações de Sarney.

Primeiramente, a fundação José Sarney era acusada de desviar 960 mil reais em 2004 do governo do Maranhão e 1,34 milhão de reais de patrocínios da Petrobrás entre 2005 e 2008. Verbas que seriam destinadas para a recuperação de acervos culturais, como livros e museus foram desviadas para empresas que não explicitam que tipos de serviços prestaram com esse dinheiro e, se são ligadas à família Sarney.

Os telefonemas interceptados apontam de maneira muito clara que Sarney estava envolvido no dia-dia da fundação. Um dos episódios que comprova isso é o fato de José Sarney ter ajudado sua neta, Ana Clara, a dirigir as decisões da fundação e dar conselhos para ela conduzir as negociações com o empresário Richard Klien, que curiosamente, ajudou a patrocinar a campanha de Sarney com 270 mil reais em 2006 e com 240 mil para a de sua filha para o governo do Estado do Maranhão.

Os fatos começam a vir a público de uma maneira que, moralmente, deixa insustentável a permanência de Sarney a frente do Senado. Se essas acusações são falsas, em relação ao desvio de dinheiro da fundação, não haveria motivo para o Presidente do Senado mentir. Isso necessita de no mínimo uma investigação, que englobe, também, as acusações que a pouco tempo foram arquivadas. Até porque, o conselho de ética considera quebra de decoro parlamentar faltar com a verdade no Senado, justificando a cassação do mandato de Luiz Estevão em 2000 pelos mesmos motivos que Sarney está sendo indiciado.

Mesmo com sua tropa de choque, comandada por Fernando Collor de Melo e com apoio de parte da bancada petista devido as recomendações do presidente do partido dos trabalhadores, a oposição tem uma excelente chance de protestar e fazer justiça, esclarecendo por meio de investigações todos esses fatos que estão muito mal explicadas.

2 comentários:

  1. Crise política é como uma prova explícita de muitas outras crises : social, ideológica, cultural... E impressionantemente, o que mais preocupa o mundo é a financeira. E quando muito, a política, sem se parar pra refletir o que incutiu na mesma.

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  2. Algum tempo atrás houve a cassação do (ex)governador do Maranhão, Jackson Lago, dando lugar a Roseane Sarney na chefia do estado maranhense, em seguida, o governador tocantinense Marcelo Miranda também foi cassado, e eu, como cidadão tocantinense, tentei expressar minha indignação diante de tanta "falcatrua" (como diria o vovô), tentei mobilizar qualquer tipo de manifestação para que o Estado se interasse de que a população está a par do que acontece, para, no mínimo, inibir o próximo governador a trilhar os mesmos caminhos que seu antecessor, advinhem? Ninguém estava interessado em se mobilizar por uma causa, poucos estão a par do que está acontecendo no cenário político nacional, e estamos aí, com um número recorde de 8 governadores (8 de 27!!!) sendo julgados pelo Supremo, vemos o escândalo do governador do Distrito Federal, e é isso, só vemos. O ponto é, como meu amigo Kris disse: estamos em meio a um zilhão de crises gravíssimas, a crise política é uma consequência da nossa alienação (sim, digo 'nossa'). Nós, como povo, não deveríamos admitir esse tipo de coisa, cada dia que passa torna-se mais difícil fazermos algo, criam-se mais barreiras burocráticas. O cidadão politizado tenta assumir o papel que o Estado deveria cumprir, alertando os seus concidadãos quanto a necessidade de expressar-se e de ter uma opnião. Lamento ter me estendido tanto, normalmente só passo aqui para ler os textos (que são muito bons), porém hoje bateu-me a 'síndrome da intolerância'. Um último comentário: já repararam que o Sarney nunca é oposição? Sempre é governo, independente das ideologias políticas do mesmo.
    Enfim, é isso, abraço a todos...

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