terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Onde estará a Pantera Cor de Rosa?

É fato que o preconceito contra os negros existe e é forte. É fato também que, no Brasil, esse sentimento tende a se tornar cada vez mais velado devido às vitórias históricas desse grupo, como tornar inconstitucional qualquer manifestação de racismo. Além dessa conquista, a moral cotidiana passou a reprimir o preconceituoso no dia-a-dia. Atualmente, é “feio” ter e assumir aversão aos negros. Contudo, será que demonstrações claras de preconceito contra outros grupos também são enfrentadas assim?

Se pararmos um pouco para pensar, veremos que não. Dois fatos que ilustram essa resposta foram veiculados pela mídia brasileira recentemente. O meia Richarlyson do São Paulo Futebol Clube foi hostilizado, por exemplo, durante todo o campeonato brasileiro do ano de 2010 pelo fato de ser, supostamente, homossexual. No dia 2 de fevereiro de 2011, no caderno Cotidiano da Folha de S. Paulo, ficou claro que o governo do Estado paulistano deixou de contratar quatro profissionais devido ao seu peso, fato esse considerado incompatível com a constituição brasileira pela OAB. Situações como essas, aparentemente, só serão reprimidas se esses dois grupos se mobilizarem de modo ético e político cotidianamente. Características que, com certeza, não se enquadram com as da “Parada Gay”, verdadeiro carnaval fora de época.

Agnes Heller, filósofa marxista, condenaria esse movimento, afinal se ela exige uma solução, ou indaga a um problema, isso, sem dúvida, está em segundo plano. O principal debate gerado em torno do evento é sobre as cifras que viram para a cidade de São Paulo e não sobre o preconceito em relação ao homossexual.

Mesmo que o movimento ganhe outros rumos e consiga conquistas semelhantes as dos negros, o preconceito ainda existirá. Heller pensa ser muito difícil eliminar o preconceito do cotidiano. Entretanto, acredita ser plenamente viável acabar com os seus reflexos e conseqüências. Poderíamos não ter que presenciar fatos como os dirigidos ao atleta Richarlyson, ou aos candidatos a professor no Estado de São Paulo. É importante que assumamos nossos preconceitos (assim como tento fazer com os meus) e não tenhamos vergonha deles.

Um comentário:

  1. Acredito que o primeiro passo é assumirmos o preconceito. Todos nos temos, e depois de ter consciência da existência dele é que poderemos agir para supera-los.

    A hipocrisia é que faz existir um regresso nessa questão!

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