sexta-feira, 31 de julho de 2009

Marxismo Contemporâneo

O marxismo contemporâneo pode ser representado pela filósofa Agnes Heller. Nasceu em 1929 na cidade de Budapeste e é uma das representantes mais célebres do instituto sociológico de Budapeste. Agnes Heller em uma das suas teorias mais renomadas e, talvez mais importantes para a renovação do marxismo, explicitou em “O Cotidiano e a História”, um aprofundamento da terceira alienação proposta por Marx. Agnes apresenta uma teoria específica sobre o cotidiano, local da alienação, porém, cheio de possibilidades para a libertação.

Aprofunda e ao mesmo tempo diferencia a teoria de Marx, pois na terceira alienação apontada pelo mesmo, o trabalhador se alienava da sua classe social quando agia segundo seus interesses individuais, sem reconhecer que muitos dos seus interesses são semelhantes aos sujeitos que pertencem a sua classe. A sociedade, por outro lado, era muito diferente, dividida, principalmente, entre burgueses e proletários, enquanto nos dias de hoje, podemos afirmar que o capitalismo está em um nível bem mais avançado, fazendo assim, uma sociedade mais complexa que a da época de Marx.

Heller, no entanto, pensa que essa alienação não pode estar apenas ligada a classe trabalhadora. Chama atenção para grupos que não usufruem todos os bens produzidos pela modernidade. Bens que não são necessariamente materiais. Pois, para Adorno, o trabalhador depois da crise do capital de 1929, tem os mesmos interesses da burguesia, ou seja, o consumo. Logo, essa classe se torna enfraquecida, passa a lutar menos pelos seus interesses, pois sua vontade é ter o domínio sobre a maior quantidade de materiais que o capitalismo pode propiciar.

Portanto, os grupos que podem ser os agentes da revolução são aqueles que estão às margens da modernidade. Heller chama atenção para os negros, homossexuais e as mulheres. Creio que isso esteja, também, ligado ao momento histórico em que ela presenciou, quando o movimento Negro, por exemplo, estava fortemente representado nos EUA por grandes líderes como Martin Luther King, Malcom-x e os panteras negras.

Esses grupos são chamados de grupos de carência radical. A sociedade cria necessidades em nós, entre elas, as criadas na própria constituição americana como na revolução francesa, necessidade de igualdade, fraternidade e liberdade. A luta pelos direitos civis de Luther King era exatamente isso, a luta dos negros por esses ideais que estão enraizados em nós.

Outro ponto interessante de Agnes é sua crítica em relação às duas vertentes que acabaram se desenvolvendo com a teoria criada por Karl Marx e Friedrich Engels. Ela acredita que se desenvolveu uma vertente totalmente positivista que acredita que as contradições do capitalismo geraram seu fim. Algo que a principio independe da subjetividade humana, como outra que acredita apenas na consciência do trabalhador. Heller, deste modo, faz uma análise baseada nessas duas vertentes citadas acima.

Por isso Agnes Heller é considerada uma das marxistas contemporâneas mais importantes. Sua vasta teoria que releva fatores sociais mais atuais renova o marxismo através de um pensamento que envolve diretamente o indivíduo. Mudanças teóricas que ocorreram devido a algumas experiências políticas socialistas, fizeram com que Heller não pense exclusivamente na macro-revolução econômica e política, mas aprofunde, também, a micro-revolução que modifica, sobretudo, as relações interpessoais por meio de uma ética diferente da moral em que vivemos.

5 comentários:

  1. É perigoso criar estereótipos sobre a teoria marxista,pois ela já é bem clara e objetiva.Claro que a sociedade mudou consideravelmente desde a época de Marx,porém ainda acho que a solução para a "esquerda moderna" não é renovar a teoria e sim procurar conhecer melhor e cada vez mais a existente e lutar em pró do ideal comunista e não apenas pelo interesse do grupo em que pertence.
    Todos os oprimidos tem que se unir e não lutar separadamente.
    "Tudo nos une,nada nos separa..."

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  2. Borges, meu caro, é extremamente plausível a idéia do texto, mas se me permite a crítica, ele iria no máximo para um fraco livro didático. Como uma nuvem, permeia por vários pontos, no caso do texto, aspectos históricos e biográficos, que na minha humilde opinião são um desperdicio para a tamanha profundidade que o senhorito tem. Não concordo que a sociedade de hoje seja mais complexa do que a de ontem, ante-ontem, seja lá qual for a data. As sociedades são igualmente complexas a partir do momento que se configuram em um choque de classes. O que mudou não foi a complexidade da sociedade e sim as ferramentas de controle social da classe exploradora, a grande mídia, por exemplo.
    Sou extremamente contra essas ramificações das teorias, que inclusive o senhor tem o prazer de pregar, essa necessidade de rotulação de arquétipos como se fossem animais em vidros com resinas... " Óh ! venha ver esse especime raro que guardo! É um marxista contemporâneo!" "É o do pote branco e azul?" "Não! Aquele é um franco-fascista!" Então meu caro, me fica claro que a separação teorica é uma moderna ferramenta da classe confortável para evacuar o pulsar revolucionário, desperçar o bando MARXISTA! Como se já não bastasse os malditos nomes: Fidelista, Chavista, Maoista. São nomes nulos para caracterizar tipos de organizações políticas e não teorias, pois todos representam no caso uma linha de pensamento, a marxista!
    Meu caro, não complique, simplifique, mas não tenha medo de brigar, que brigar faz parte. O didatismo marxista não é se enconder por tras da história ou da filosofia, como ja diria Caio Prado Jr, "o marxismo é didático em sua plenitude, ir contra isto é legitimar o poder burguês!" E como uma nuvem seu texto esconde o que de fato nos interessa, a luz solar. Me desculpe as críticas, faz parte, você sabe que as suas sempre serão bem vindas, como já foram...

    "Tudo nos une,nada nos separa..."

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  3. Esse texto resplandece aos meus olhos com o tom de um deslumbramento ofuscante. Repete idéias consideradas por si mesmas verdades absulutas, com a autoridade de Agnes Heller colocada em nível extremo.
    Apesar de lidar com um tema de suma importância, este texto cai em uma suoperfivialidade absurda, muito provavelmente devido a sua característica de "núvem" muito bem descrita pelo Vitor.
    O que mais me incomodou foi o fato de Agnes Heller ser colocada como "representante" do marxismo contemporâneo. Uma simples leitura de qualquer outro texto sobre/do marxismo contemporânea que não seja da Agnes Heller ou com idéias similares lhe mostraria o imenso abismo que existe entre os diferentes "marxistas" (ou meolhor, de inspiração marxista, pois nem todos se dizem "marxistas"), assim como diversas vertentes continuaram a bater na tecla da luta de classes, enquanto outros seguiram pelo fetiche (em que a dominação de uma classe pela outra é secundária, e primeiramente existe a dominação do sistema e de sua lógica). Por exemplo, a "mercadoria" que Agnes Heller considera impossível de se acabar, é um dos principais focos de crítica de outros marxistas.
    A respeito dos comentários, acredito que tenha havido uma pequena incopreensão do texto principlamente pelo "desanimado". Incompreensão talvez seja causada pelo próprio texto. A luta dos diversos grupos de carência não deve ser uma luta segregada- pelo menos na idéia de Agnes Heller. Esses grupos teriam suas potências revolucionárias pelo fato de poderem perceber, após certas lutas, que combatiam um inimigo em comum, e que deveriam se unir, processo que ocorriria de forma processual.

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  4. os dois últimos são uns capitalistas baratos... Sempre que citado, Marx causa questionamentos e incomoda muita gente.
    Amanda, UECE/CE

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  5. Uma classe ou grupo só é revolucionária se for produto de novas forças produtivas que acarretam um novo modo de produção e,daí novas relações de produção, ou seja, fora do modo de reprodução da vida humana não existe classe revolucionária. O que já se pode perceber hoje em dia que há sinais de um novo modo de produção(robotização,automatismo) e consequentemente, uma nova classe social, constituída pelos que foram substituídos pelas
    máquinas e outros meios de produção e que atualmente são confundidos com os desempregados, embora sejam eternamente não empregáveis.Logo, um negro poder ser um revolucionário,não porque
    seja um negro , mas porque faça parte daqueles
    que foram "exonerados" para sempre dos meios de
    produção, assim como, os sem tetos, os sem terras, etc. São, portanto, esses exonerados que irão fazer a revolução comunista do século 21, pois, são os verdadeiros comunistas(sem classe)
    porque não fazem mais parte de qualquer processo
    produtivo.

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