sexta-feira, 31 de julho de 2009

27/03

Eu não consigo lembrar de nenhum 27 de março que tenha passado batido por mim. Quando eu tinha cinco anos, o mais longínquo que a minha memória “sequelada” consegue alcançar, eu me mudei para o colégio Poço do Visconde, atual Alvorecer, e lá conheci outros dois Pedros que até hoje não conseguem ficar longe de mim, o Felippe e o Mendonça. Por conta do aniversário de um deles que esta data sempre foi especial para mim, o do Felippe.

Nunca foi difícil decorar o aniversário dele para mim, são só vinte dias depois do meu. Já o do Mend, como o de todos os outros que fazem em dezembro, sempre foi problemático. Mas então, 27/03 sempre foi dia de festa. Lembro quando éramos bem pequenos e gostávamos de chegar cedo aos lugares, então nos dias 07 e 27 de março sempre aparecíamos às oito horas da manhã na casa do aniversariante, sendo que este já esperava o amigo ansiosamente, tendo acordado com um hora de antecedência, já planejando o que os dois fariam quando o outro finalmente chegasse.

Mas, infelizmente, esse dois dias nem sempre caiam em um sábado ou em um domingo. Quando isso não acontecia, 27/03 era dia de felicitar o Felippe, felicitações que variaram de partidas de futebol a “bebemoradas” e de calorosos abraços até dolorosos cuecões.

Ano passado comemoramos nossos aniversários juntos, foi o primeiro de uma série de churrascos que houveram aqui em casa, que sempre eram organizados pelos mesmo são domingueses e sempre comemoravam todos os aniversários de amigos que faziam em datas próximas.

Esse ano fomos para o bar do Bahia no dia 27. Acabei ficando bem mais tempo que ele, perdi a conta de quantas cervejas bebi. Depois cheguei em casa e mandei, para cada um dos meus charás que eu acabei de falar, um depoimento sentimental de bêbado. Depois os dois vieram me falar que tinham certeza que eu tinha bebido para escrever os dois textos.

Até aí ia passando outro 27 de março, normal e feliz como todos os outros onze que me lembro. A última coisa programada para esse dia era ir para Pirassununga, cidade da famosa 51, onde mora minha vó e morava meu avô. Foi em 27/03/2009 que meu avô deixou de morar lá. Aquela noite fomos recebidos pela minha tia e minha prima, com a notícia de que meu “vô Vadinho”, Edvard Elias de Souza, havia falecido há algumas horas, depois de ficar dias internado e ter sido transferido, naquela tarde, para UTI.

Meu avô tinha 77 anos quando morreu. Era um homem incrível, sustentou todos os seus irmãos, formou-se em direito e odontologia, pilotava aviões, criou cinco filhos, perdeu um deles e sempre será motivo de admiração de seus quatro netos.

Agora, espero que mais valha os 27/03 que eu vi escrito em coloridos convites de aniversário do que aquele entalhado em pedra, tão doloroso para mim, no final do epitáfio do vô Vadinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário