segunda-feira, 27 de julho de 2009

As Diversas Facetas do Racismo

Em 28 de agosto de 1963 na marcha por Washington, Martin Luther King discursava para uma multidão nos Estados Unidos no ápice da luta pelos direitos civis. Luther King em seu discurso, disse ter o sonho de que um dia seus quatro filhos pudessem ser julgados pelo seu caráter e não pela sua cor de pele. Enquanto isso, em épocas semelhantes, Nelson Mandela combatia o Apartheid na África do Sul, outra marca efetiva do preconceito entre as cores.

Os anos se passaram e os reflexos dessas lutas são visíveis. Os negros nos EUA conseguiram seus direitos, iguais aos dos cidadãos brancos, assim como Nelson Mandela conseguiu por fim ao regime segregacionista de seu país. No entanto, esses dois países ainda têm grandes marcas do preconceito racial, bairros onde apenas negros vivem e outros de presença praticamente exclusiva de brancos, por exemplo.

A pergunta, contudo, são dos reflexos desses movimentos e da atual situação do Brasil frente ao preconceito. No dia 28 de Novembro de 2008, o jornal a Folha de S. Paulo publicou, num caderno especial, um estudo no qual dizia que o preconceito havia diminuído no país.

Em contrapartida, mais recentemente, casos graves de preconceito foram registrados pela imprensa. Gostaria de chamar a atenção de todos para o Futebol, esporte em que muitos jogadores negros atuam. Na semi-final da Copa Libertadores de 2009, o atacante Máxi Lopes do Grêmio fora acusado de chamar o meio campista Eli Carlos do Cruzeiro de “macaco”.

Se não bastasse, no segundo jogo da decisão da semi-final, no Estádio Olímpico, novamente em um jogo entre as mesmas equipes, alguns torcedores gremistas imitaram um macaco quando o jogador Eli Carlos entrou em campo. O mais curioso é que isso ocorre com certa freqüência em países europeus, porém, não no Brasil com essa gravidade, onde a população negra é muito presente, mas mesmo assim, não podemos esquecer que já tivemos nossos casos de racismo dentro do próprio futebol. Além disso, nada vai acontecer com esses torcedores que provavelmente não serão identificados e, mesmo que sejam, nada acontecerá.

Apesar disso, a folha explicita por meio de outros como Sydnei, filho de Carlos Eduardo Santos, 53 anos e dono da universidade Tuiuti no Paraná, que o preconceito ainda é alto, no entanto, de forma escondida, porque, enquanto, por um lado o número de pessoas que dizem ter preconceito com negros caiu de 11% para 3% de 1995 a 2008, aumentou o número de pessoas que concordam que há preconceito dos brancos em relação aos negros de 89% para 91% de 1995 a 2008 segundo o Data Folha. As pessoas não se sentem seguras em afirmar que tem preconceito em relação aos negros, além de, talvez, não conseguirem identificar atitudes preconceituosas em si mesmas, mas conseguem encontrar o preconceito com certa facilidade nos outros.

O preconceito aparece velado de diversas formas, em atitudes que consideramos naturais e, logo, não são consideradas de caráter ofensivo ao outro e, principalmente, em políticas compensatórias como as cotas para as universidades. Essa política não deixa de ser carregada de racismo, pois procura beneficiar um grupo em relação ao outro por causa de uma condição étnica das pessoas. Não acredito, também, ser justo tirar vagas de brancos pobres que não tiveram felicidade de ter um bom ensino e, dar para negros que talvez estejam na mesma situação, como foi dito no jornal Estado de São Paulo pelo membro da OAB, José Roberto F. Militão.

Concordo que o ideal é ao mesmo tempo, neste caso, uma utopia. O mais coerente seria uma melhoria no sistema de educação pública, fazendo com que todos possam ser atendidos conforme suas necessidades independentemente da sua cor, além do aumento no número de universidades públicas que invistam em pesquisa como a USP, criando assim, uma condição educacional melhor para todos. Todavia, Acreditar que essas melhorias são impossíveis de acontecer gera o conformismo e, ele traz como conseqüência, políticas compensatórias que buscam resolver o problema de imediato.

No entanto, para concluir, creio que essa resolução não possa ser apenas resolvida com a melhoria do sistema educacional e, assim, aumentar o número de negros médicos, por exemplo, pois resolvendo dessa forma, estaria desconsiderando o preconceito que pode gerar certa desconfiança para aquele que pensa em contratar um negro em uma área profissional em que haja uma dominância de brancos. Como Eudes Freire de 47 anos que por ser médico e negro acredita que: “Eu tenho que me esforçar muito mais” e que: “ Um erro do negro vale dez. E não só na medicina”. Isso sem considerar que apenas 9,7% dos médicos são negros e que no ano de 2008, dos 369 aprovados para medicina e ciências médicas na FUVEST, somente 0,3%, ou seja, um candidato era negro.

Então, além de serem menos contratados e mais cobrados, tem menores chances de passar em um vestibular tão acirrado como o da USP. Esses talvez sejam os principais fatores de segregação racial do país. Mas se considerarmos esse caso específico, que foi explicitado acima, podemos somar a análise, a própria falta de interesse que estes negros podem ter de ingressar em áreas que não são representativos ou de até acreditarem em um dito popular e, preconceituoso, de que os negros só conseguem ser bons na música e no esporte, já que eles foram apenas 19,5% dos inscritos para a FUVEST de 2008, mostrando a grandeza do problema, pois o preconceito racial também pode estar introjetado naqueles que mais sofrem dele.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Aí rapazeada do blog! tá legal, a iniciativa é boa, deixe-me fazer, antes de tudo minha propaganda aqui, entrem lá: www.insetosulamericano.blogspot.com tem caráter jornalístico como o de vocês.

    Sobre o texto, eu gostaria de lembrar uma questão, que é na verdade a grande ilusão racial que o governo Obama trouxe para o mundo, pensemos superficialmente: " Um negro foi eleito presidente no Estados Unidos, o racismo já não é o mesmo".
    Meus caros, o fato de um negro ter sido eleito presidente da maior potencia economica não retira de modo algum a realidade do negro no cenário mundial, não por causa de Obama que a Polícia Militar da cidade de São Paulo vai dar preferência ao negro no momento de cometer atrocidades aos direitos civis e à dignidade do cidadão. E não somente a polícia de São Paulo, mas do mundo inteiro.
    Quero dizer que na verdade a eleição de um negro tem uma representatividade simbólica de grandes proporções, mas em sua realidade não interfere em nada, de pronto, na questão racial.
    É um embate desigual, o problema racial, o racismo, que é uma realidade nua e crua contra os simbolismo da eleição de liberal negro.

    Parabéns pelo Blog garotos, representando o InsetoSulamericano, Vitor Quarenta

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